NOVIDADE NA
CIÊNCIA: É POSSÍVEL MATAR A CÉLULA DO CÂNCER DE FOME?
Uma droga usada para o diabetes e um antibiótico podem impedir que
tumores se “alimentem”. Confira ainda como um adesivo inteligente evita a
formação de coágulos
Duas pesquisas publicadas na última semana trazem novidades
para duas das doenças que mais matam atualmente: o câncer e as doenças
cardiovasculares. Uma das estratégias inteligentes utilizadas pelos cientistas
envolve o estudo do metabolismo do câncer – ou seja, o conhecimento de como o
tumor obtém energia para crescer. Já a outra pesquisa, utilizou materiais
inteligentes em um adesivo que o habilita a reconhecer quando o corpo está
prestes a formar coágulos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças do coração
são as que mais matam no mundo, com 17 milhões de mortes anuais; já os variados
tipos de câncer ocupam diferentes posições – com o de pulmão e traqueia na 7ª.
As pesquisas foram publicadas em prestigiadas publicações
científicas. No estudo publicado no Journal of Biological Chemistry,
pesquisadores conseguiram que células do câncer de mama deixassem de obter
energia de alimentos com o uso de medicamento para diabetes e antibiótico. Já outra pesquisa publicada no Advanced
Materials, mostra o desenvolvimento de um adesivo inteligente que reconhece
quando o corpo precisa de anticoagulante e “solta” o medicamento no momento
exato para impedir a formação de coágulos que impedem a passagem do sangue.
A primeira pesquisa, relacionada ao câncer, vem na esteira de
um interesse crescente da ciência na influência do metabolismo na formação de
células cancerígenas. Como qualquer outra célula do corpo, elas precisam de
alimento para sobreviver.
A estratégia utilizada por essa linha de pesquisa, então, é a
de cortar a fonte de energia só dos tumores – e não das células saudáveis. Esse
é, no entanto, um dos principais desafios.
Os pesquisadores do estudo feito na Thomas Jefferson
University, na Filadélfia (EUA), mostraram que uma proteína específica, a TIGAR,
tem uma influência importante no metabolismo da célula do câncer,
principalmente naquele caminho bioquímico mais comum de obtenção de energia – o
que converte açúcar em glicose.
Em estudos em cobaias, cientistas demonstraram que as células
do câncer mais agressivas têm uma abundância maior de TIGAR que células menos
agressivas e que a presença dessa substância leva que as células dependam de
energia produzida na mitocôndria – estrutura celular influente no metabolismo.
“Isso é uma oportunidade para o tratamento do câncer”, cita
Martinez-Outschoorn, um dos autores. “Já existem terapias que bloqueiam a
influência do metabolismo da mitocôndria nas células do câncer e elas podem,
literalmente, matar os tumores de fome.”
O pesquisador cita que duas drogas já usadas para outras
doenças podem ajudar com isso. Uma delas é a conhecida metformina, usada para o
tratamento da diabetes e a doxiciclina, um antibiótico comum. Como ambos
medicamentos bloqueiam o metabolismo na mitocôndria, os cientistas decidiram testá-las
em cobaias e viram que elas diminuíram a agressividade das células e poderiam
ser usadas no câncer.
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