NOVE FATOS QUE RESUMEM A CRISE
POLÍTICA DETONADA PELA DELAÇÃO DA JBS
Desde o início da noite de quarta-feira, o mundo político ficou
paralisado com a notícia de que o presidente Michel Temer foi flagrado dando
seu aval para o pagamento de propina ao ex-deputado federal Eduardo Cunha. As
gravações fazem parte da delação da JBS – também foram gravadas conversas com o
deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e o senador Aécio Neves
(PSDB-MG). Veja abaixo o que você precisa saber, até agora, para entender a
denúncia que abalou o governo.
As denúncias
Sete executivos da JBS firmaram acordo de delação premiada, entre eles o
empresário Joesley Batista. Ele gravou uma conversa com o presidente Michel
Temer na qual narra o pagamento de uma “mesada” a Eduardo Cunha. O presidente
diz: “Tem que manter isso, viu?”. A frase pode ser interpretada como um aval do
presidente ao pagamento. Cunha vinha fazendo ameaças ao governo, inclusive
contra Temer, mas até agora não fechou um acordo de delação. Além dessa
denúncia, as gravações mostram que a JBS pediu ajuda a Temer para resolver um
problema no Cade. O presidente teria indicado Rocha Loures para mediar a
solução. Em troca, o deputado negociou o recebimento de uma propina semanal de
R$ 500 mil. Em uma terceira frente, Aécio Neves foi flagrado pedindo R$ 2
milhões.
Quem foi preso
Foram expedidos oito mandados de prisão pelo STF. Dois deles contra
pessoas que já estavam presas: Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, que é operador de
Cunha. Também foi presa a irmã de Funaro, Roberta Funaro, a irmã e um primo de
de Aécio Neves, Andrea Neves e Frederico Pacheco de Medeiros, além do procurador
da República Ângelo Vilella. Os outros investigados com mandado de prisão
foram: Willer Tomaz, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais da OAB
no Distrito Federal e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella
(PMDB-MG).
Afastados
O ministro do STF Edson Fachin ordenou o afastamento do senador Aécio
Neves e do deputado Rocha Loures de suas funções. A PGR chegou a pedir a prisão
dos dois parlamentares, mas o pedido ainda não foi atendido pelo STF – ainda há
a possibilidade de recurso ao plenário do Supremo. No fim da tarde, Aécio pediu
afastamento do cargo.
Inquérito
Fachin autorizou a abertura de um inquérito para investigar a conduta de
Temer.
Temer renuncia?
O presidente Michel Temer fez um pronunciamento às 16 horas no qual disse
que vai se defender no STF e que não vai renunciar. Ele ressaltou o bom
desempenho da economia e a necessidade de se fazerem reformas, bandeiras de sua
gestão. Ele não fez referência à situação de Rocha Loures.
Debandada
Os partidos da base aliada passaram o dia avaliando a possibilidade de
sair do barco governista. O PSDB chegou perto de uma decisão, com dois
ministros com cartas de renúncia redigidas: Bruno Araújo (Cidades) e Aloysio
Nunes (Relações Exteriores). No fim, o partido decidiu ficar na base. O PPS
também está saindo do governo – Roberto Freire pediu demissão do Ministério da
Cultura. Com 13 deputados, o PTN anunciou o rompimento com a gestão Temer.
Impeachment
Já foram protocolados quatro pedidos de impeachment contra Temer, dois da
Rede, um do PHS e um do PSDB. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conversou
bastante com o presidente nesta quinta e disse depois que vai rejeitar todos os
pedidos.
As opções de Temer
Há quatro possibilidades de saída para a crise política. A primeira é a
renúncia, que sofre muito oposição do “núcleo duro” de Temer, que não quer
perder o foro privilegiado. A segunda é a cassação da chapa Dilma-Temer pelo
TSE, que volta a julgar a ação no início de junho. O impeachment é um caminho
dentro do Congresso, mas depende de Maia, aliado de Temer. A quarta é a aposta
do governo neste momento: esperar esfriar o assunto.
O que vem por aí
O STF derrubou o sigilo das delações e nelas estão os conteúdos completos
das conversas narradas pela imprensa. O conteúdo pode deixar a vida do governo
ainda mais complicada se reforçar o contexto das conversas em que Temer teria
compactuado com crimes.
Gazetadopovo.com