A CULPA É
DO MORDOMO!
Todo mundo lembra dos antigos filmes em que o mordomo era sempre o
culpado.
Mas agora e aqui no Brasil, a culpa passou a ser sempre do tesoureiro!
A
investigações da MP sobre as doações legais a partidos envolvendo empresas
ligadas a Petrobrás mostra que mais de 53% do valor foram para a bancada do
PMDB. Engraçado... porque a mídia só cita o tesoureiro do PT??? (até minha filhinha sabe que é Vaccari Neto)
Quem é mesmo o tesoureiro do PMDB e do PSDB?????
De novo, a culpa é (só) do tesoureiro?
Como no caso Delúbio, o PT quer colocar toda a
responsabilidade pela corrupção do partido apenas nos ombros dos arrecadadores
de dinheiro
João Vaccari Neto e Delúbio Soares nunca tiveram títulos na
nobreza do PT. Na hierarquia da sigla eles pertencem, no máximo, à ordem dos
escudeiros. A fidelidade inabalável de Vaccari e Delúbio ao projeto de poder da
legenda os lançou em uma função inglória: a tesouraria do partido. Em 2000, o
PT adotou um discurso mais ameno para ampliar o perfil do eleitorado. A mudança
acarretou uma guinada de vida no partido, que começou a forrar seus cofres para
financiar um duradouro projeto de poder. Delúbio assumiu a Secretaria Nacional
de Finanças. Só saiu de lá em 2005, denunciado como um dos operadores do
mensalão. Vaccari é o Delúbio da vez. Na segunda-feira 16, ele foi denunciado
pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção e lavagem de dinheiro.
Contra o tesoureiro pesam depoimentos de dois ex-funcionários da Petrobras e
quatro empreiteiros que fizeram acordos de delação premiada. Todos unânimes em
apontá-lo como recolhedor de propinas para o PT.
Com as acusações decorrentes da Operação Lava Jato, caiu por
terra a defesa ferrenha que alguns petistas faziam da honra de Vaccari.
Internamente, antigos companheiros pedem seu afastamento da secretaria de
finanças para preservar o partido. As apurações da Polícia Federal e do MPF
indicam que U$186 milhões em propina teriam passado pelas mãos do homem
responsável por arrecadar dinheiro para o PT. Segundo os delatores, o dinheiro
abasteceu o caixa de campanha da presidente Dilma Rousseff. Ainda assim, a
degola de Vaccari pedida pelos correligionários sugere uma estratégia marota:
colocar todos os malfeitos do partido nos seus ombros, evitando que as
denúncias extrapolem para outros nomes.
O mesmo ocorreu com Delúbio no escândalo do Mensalão. O
tesoureiro foi para o altar dos sacrifícios, admitiu que arrecadava recursos
além do contabilizado pelas campanhas eleitorais e figurou como coordenador do
“núcleo central da quadrilha” no processo do mensalão. Ele foi o único, entre
os oito petistas investigados por participar do esquema, a ser expulso do
partido. Saiu em 2006, mas retornou aos quadros de filiados em 2011, após a
eleição de Dilma. O ex-tesoureiro foi condenado a seis anos e oito meses de
prisão, passou cinco meses no presídio da Papuda e outros cinco em regime
semiaberto. Em setembro, ganhou o direito de cumprir o restante da pena em
casa.
Se as descobertas dos investigadores da Lava Jato forem
confirmadas na Justiça, Delúbio e Vaccari ficarão na história do reinado
petista como os responsáveis por ilícitos financeiros que beneficiaram da alta
cúpula do partido aos diretórios no interior do País. Embora tenham trajetórias
parecidas, os dois adotaram práticas diferentes. O modus operandi usado por
Vaccari pouco lembra o antigo estilo de arrecadação posto em prática por
Delúbio. A falta de uma legislação eleitoral que obrigasse o detalhamento da prestação
de contas explica, em parte, a opção de Delúbio pelo esquema de caixa 2. Uma
resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2002 obrigou candidatos e
comitês financeiros a expor em minúcias as receitas e despesas. Essa regra
dificultou a vida de Delúbio. Em uma reunião do Diretório Nacional, no mesmo
ano, o então tesoureiro discursou contra a divulgação do nome dos doadores e
disse uma frase que entrou para a história. “Transparência demais é burrice.”
Transparência não foi um problema para Vaccari. As investigações mostram que
ele mascarou as propinas que o PT recebeu no esquema da Petrobras em forma de
doação oficial de campanha.
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