VIOLÊNCIA CRESCENTE: BRASÍLIA CADA VEZ MAIS ASSUSTADA.

VIOLÊNCIA NO DF E COMO COMBATE-LA.
Dos bolsões de pobreza à região central, a insegurança domina a cidade. E o ano de 2014 começou com uma média de setenta crimes por dia apenas no Plano Piloto. 2015 vai no mesmo ritmo.

 Como capital federal, espera-se que Brasília dê exemplos de políticas eficientes para diminuir seus índices de violência. Mas as vítimas da insegurança no DF se multiplicam entre cidadãos comuns e autoridades. Em 16 de janeiro, a residência do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e de sua mulher, Guiomar Feitosa, foi furtada por quatro adolescentes. Eles tiveram acesso à casa nadando no Lago Paranoá. Levaram coletes salva-vidas, mas acabaram flagrados por seguranças da casa e presos pela polícia. “Brasília deveria ser um refúgio de paz. Mas nos sentimos cada vez mais expostos”, desabafou o ministro (veja o depoimento abaixo).
No topo da pirâmide dos crimes que assaltam a paz dos candangos, os homicídios aumentaram, se comparados os dados de janeiro deste ano com o mesmo período de 2013. Desde  o início de 2014, 66 pessoas foram assassinadas, dezessete a mais que no mesmo período doze meses atrás. De 2012 a 2013, os crimes para cada 100 000 habitantes diminuíram de 29,4 para 25,6. Também houve queda de 40,9% no índice de latrocínios. 
Em contrapartida, a cidade ficou exposta a uma série de outras ocorrências que engrossam as estatísticas, apavoram os moradores e expõem a falta de controle das autoridades. Em apenas vinte dias do ano, 1 447 crimes foram cometidos somente nas asas Sul e Norte e na região central, a menos de cinco minutos dos palácios onde despacham a presidente da República e o governador do DF. São ocorrências como furto a veículos, assaltos, sequestros-relâmpago e roubo a residências (confira os principais números no quadro abaixo).
O mapa do crime no DF

 Entre 2012 e 2013 o número de homicídios diminuiu, mas os atos ilegais contra o patrimônio aumentaram muito
 Menos mortes 
A incidência dos chamados crimes contra a vida diminuiu no último ano em relação a 2012. Em janeiro, no entanto, ocorreram, em média, dois assassinatos por dia, índice que assombra os moradores.

Espalhada pelos bolsões de pobreza do DF e cada vez mais inserida no Plano Piloto, a criminalidade atingiu patamares vergonhosos nos últimos meses. VEJA BRASÍLIAteve acesso a dados que revelam, em um passado recente, aumento superior a 1 200% nos registros de crimes contra o patrimônio dos cidadãos. Em setembro do ano passado foram registrados 1 664 roubos a pedestres, 749% a mais que no mesmo período do ano anterior. No caso de furtos em veículos, a incidência cresceu nada menos que 1 276%. Tão impressionante quanto os ataques a residências, com acréscimo de 1 050%. Os porcentuais são assustadores e foram pinçados pelos próprios gestores da Secretaria de Segurança para ser apresentados ao governador Agnelo Queiroz (PT) na quinta-feira (23), durante a primeira grande reunião do ano sobre o tema.
Mais prejuízo.


Estatísticas do segundo semestre de 2013 indicam que os crimes contra o patrimônio atingiram patamares assustadores, com crescimento de mais de 1 200% em casos como roubos e furtos
Pontos convergentes nas experiências de sucesso
No início dos anos 90, as cidades de Medellín e Bogotá, na Colômbia, eram consideradas as mais violentas do mundo. Dez anos depois, tornaram-se laboratórios da paz. Em 2001, a Restinga, bairro periclitante de Porto Alegre, conseguiu zerar a taxa de homicídios em apenas seis meses. Há quinze anos, Diadema, na Grande São Paulo, tinha índices de violência iguais aos de um país em guerra civil. Dois anos atrás, o município paulista registrou 37 assassinatos, um recorde positivo. Belo Horizonte, Recife e Vitória também implantaram programas de segurança que fizeram seus responsáveis estufar o peito ao exibir os resultados. As experiências bem-sucedidas ainda são frágeis ilhas de excelência, sem escala nacional. Contudo, todas têm elementos em comum. Nelas, a prevenção e a repressão ao crime são acompanhadas por projetos sociais. Só polícia não basta. Conhecidas como “segurança pública com cidadania”, as ações exitosas integraram escolas, médicos da família, conselho tutelar, defensoria e Ministério Público. As polícias Civil e Militar, conhecidas por suas desavenças, afinaram suas estratégias e passaram a compartilhar dados. Numa força-tarefa, com metas bem definidas, todos trabalham em rede para garantir o direito de ir e vir do cidadão. A guarda tem de ser trocada, valorizada, mais bem remunerada e qualificada para obter a confiança da população, que, por sua vez, deve cooperar. Nessa luta contra o crime, o Estado precisa oferecer alternativas interessantes aos jovens. Os casos bem-sucedidos contaram com a boa vontade de todos os envolvidos. Mas a boa vontade apenas não basta. Tem de meter a mão na massa.
Na tentativa de explicar uma difícil equação para os moradores do DF, o secretário de Segurança, Sandro Avelar, dizia  que que esses números podem ter sofrido algum tipo de distorção. Ele lembra que a greve da Polícia Civil no fim de 2012 comprometeu a atuação de um dos braços de segurança da cidade. Quando delegados e agentes suspendem as investigações, abrem brechas para o aumento da criminalidade. De braços cruzados, deixam, também, de registrar ocorrências, o que pode refletir em diminuição dos indicativos. Mas há outras variáveis que explicam o cenário de faroeste caboclo no DF. A operação tartaruga da Polícia Militar, iniciada em outubro, é uma delas. Tratada até então com reserva pelas autoridades, a medida foi escancarada em outdoors nos últimos dias. Em propagandas superlativas, os próprios integrantes da corporação anunciam a medida de fazer corpo mole como estratégia para pressionar por isonomia salarial com os policiais civis, que começam a carreira ganhando 7 900 reais e chegam, no caso dos delegados, à remuneração de até 22 000 reais. Na Polícia Militar, um cabo recebe 4 100 reais e um coronel, 15 000 reais. Durante alguns anos, a PM do DF foi a mais bem paga do país. Hoje, sete estados, entre os quais São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, são mais generosos com seus militares. “Entendo a luta deles, mas não enxergo um parâmetro entre a complexidade da função desempenhada por um policial civil e a natureza das tarefas do policial militar, embora ambas as forças sejam de grande importância para garantir a segurança pública”, opina André Rizzo, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol).

Blog Chiquinho Dornas

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