Crise levou mais 7,3 milhões de pessoas à pobreza no país
Dados do Banco Mundial mostram impactos da recessão no Brasil. Entidade prevê queda de 25% do PIB da Venezuela
RIO - Relatório sobre a influência dos ciclos econômicos nos indicadores sociais, divulgado ontem pelo Banco Mundial, mostra que a pobreza no Brasil subiu três pontos percentuais entre 2014 e 2017, alcançando 21% da população, ou 43,5 milhões de brasileiros. De acordo com dados do organismo internacional, mais 7,3 milhões de pessoas passaram a viver com até US$ 5,50 por dia. Em 2014, 17,9% da população estavam na pobreza, cerca de 36,2 milhões.
A forte recessão que o país atravessou desde o segundo trimestre de 2014, quadro negativo que permaneceu até o fim de 2016, foi a causa da piora nas condições sociais, diz o documento: “Em vista do ritmo de crescimento medíocre da região, em particular da América do Sul, a deterioração dos indicadores sociais não deveria surpreender.
No Brasil, que representa um terço da população da América Latina e Caribe, houve aumento da pobreza de cerca de três pontos percentuais entre 2014 e 2017”.
No Brasil, que representa um terço da população da América Latina e Caribe, houve aumento da pobreza de cerca de três pontos percentuais entre 2014 e 2017”.
POBREZA PERMANECE CONCENTRADA
NO NORTE E NO NORDESTE DO BRASIL, DIZ ESTUDO DE CENTRO DA ONU
Entre 2004 e 2013, os índices de pobreza no país caíram de 20% para 9% da
população e de 7% para 4% no caso da pobreza extrema. No entanto, os principais
aspectos ou perfis da pobreza continuam os mesmos: ela está mais presente no
meio rural e nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
No estudo, os autores indicam que o investimento na agricultura familiar
pode potencialmente contribuir para a redução da extrema pobreza nessas
regiões.
Problema da pobreza rural no
Brasil é, em grande medida, um problema dos domicílios agrícolas no Norte e
Nordeste, segundo estudo de centro da ONU. Foto: WikiCommons / Flickr / Maria
Hsu
Entre 2004 e 2013, os índices de
pobreza caíram de 20% para 9% da população e de 7% para 4% no caso da pobreza
extrema. No entanto, os principais aspectos ou perfis da pobreza continuam os
mesmos: ela está mais presente no meio rural e nas regiões Norte e Nordeste do
Brasil.
Essa é a conclusão de estudo
divulgado em abril pelo Centro Internacional de Políticas para o
Crescimento Inclusivo (IPC-IG), vinculado ao Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD).
“A redução da pobreza não
acompanhou as alterações em seus principais aspectos ou perfis”, disseram os
especialistas no estudo. “Em termos regionais, pouco mudou, com as regiões
Norte e Nordeste apresentando as maiores taxas de prevalência da pobreza, bem como
as áreas rurais em todas as regiões.”
Critérios adotados
O estudo considerou como
extremamente pobres pessoas que ganham 70 reais por mês e pobres aquelas que
vivem com 140 reais mensais, de acordo com critérios adotados pelo governo
federal.
Quanto ao meio rural, o estudo
considerou como domicílios agrícolas aqueles onde há pelo menos um membro
empregado no setor agrícola e 67% ou mais da renda do trabalho vindo de
atividades agrícolas.
Já os domicílios pluriativos são
aqueles em que pelo menos um membro está empregado no setor agrícola, mas menos
de 67% da renda do trabalho vem da agricultura.
O estudo considerou ainda
domicílios rurais não agrícolas como aqueles que se localizam em áreas
oficialmente rurais, mas sem qualquer membro do domicílio trabalhando na
agricultura. Já os domicílios urbanos não agrícolas estão localizados em áreas
oficialmente urbanas, com nenhum membro domiciliar empregado na agricultura.
Conclusões do relatório
O estudo concluiu que no período
analisado a pobreza caiu mais nos domicílios agrícolas, assim como a extrema
pobreza. Por outro lado, a pobreza e a extrema pobreza nos domicílios
pluriativos permaneceu estável.
“Quase a totalidade dos
residentes em domicílios agrícolas e pluriativos extremamente pobres do
Nordeste têm terra insuficiente, trabalham informalmente e residem em
domicílios com idosos, mas sem qualquer aposentadoria”, disseram os
pesquisadores.
Em 2013, 37% dos domicílios
pluriativos recebiam recursos do Programa Bolsa Família, enquanto nos
domicílios agrícolas esse percentual era de 22%.
“Benefícios assistenciais como
Bolsa Família ajudam, contudo, não são suficientes para retirá-los da extrema
pobreza. Deve haver políticas sociais voltadas para os pequenos agricultores,
que considerem as fragilidades dessas famílias, que buscam a sua sobrevivência
na agricultura familiar”, disseram.
“A pluriatividade nordestina
parece surgir como única alternativa de sobrevivência das famílias em situação
de extrema pobreza.”
No Norte, a pobreza caiu menos
que no Nordeste e no Brasil como um todo. Segundo o levantamento, a
persistência da pobreza extrema no Norte, particularmente entre os domicílios
pluriativos e aqueles não agrícolas, é especialmente preocupante. Já as taxas
de pobreza são praticamente as mesmas em 2004 e 2013.
“Embora o Norte seja menos pobre
do que o Nordeste, o progresso tem sido mais lento lá em comparação às demais
regiões do país”, disse o estudo.
Acesso a consumo e saneamento básico
Enquanto entre 2004 e 2013 o
percentual de domicílios agrícolas do Norte com geladeiras aumentou de 42% para
78%, o percentual com esgotamento sanitário aumentou de 20% para 26%.
Já no Nordeste, o acesso das
famílias agrícolas ao esgotamento sanitário aumentou de 24% para 36% no
período, deixando a região dez pontos percentuais à frente da região Norte, que
é relativamente mais rica.
“O Nordeste obteve melhores
resultados. Nessa região, há mais acesso a infraestrutura pública que no Norte,
provavelmente em razão do fato de que o Nordeste não tem que superar as longas
distâncias que os governos do Norte precisam superar”, disseram os
pesquisadores.
Com relação à posse de geladeira,
89% dos domicílios no Nordeste têm ao menos uma geladeira. No Norte, esse
percentual é de 78% e, no Brasil, chega a 92%.
Análise por municípios
O estudo indicou — a partir da
análise dos mapas de pobreza e extrema pobreza em âmbito municipal — que o
problema da pobreza rural no Brasil é, em grande medida, um problema dos
domicílios agrícolas no Norte e Nordeste.
Poucos municípios nas outras três
regiões do Brasil apresentam taxas de pobreza superiores a 30% e, em muitos
essas taxas são inferiores a 15%. No Norte e Nordeste, no entanto, muitos
municípios apresentam taxas de pobreza superiores a 60% e alguns ainda têm
taxas tão altas quanto 90%.
“As diferenças são muito
acentuadas entre os domicílios agrícolas. A Amazônia ocidental e o estado do
Maranhão são áreas que apresentam níveis muito elevados de pobreza agrícola”,
afirmou o estudo.
A diferença Norte e Nordeste para
com Sul, Sudeste e Centro-Oeste é muito gritante, são como se fossem dois
países, pois enquanto Sul Sudeste e Centro-Oeste tinham apenas 2% de pobreza
extrema em 2010, Norte e Nordeste tinham 15%, e enaquanto nas outras tres
regiões juntas a pobreza não passava de 7%, no Norte e Nordeste chegava a 30%,
é mais gritante do que se possa imaginar, são dois Brasis mesmo, no Centro-Sul
não é difícil encontrarmos cidades cuja pobreza extrema está em 1% ou até
menos, algo muito próximo dos países desenvolvidos, e quanto à pobreza é comum
termos menos de 5%, como no circuito do agronegócio no CO que está em torno de
3% ou até menos, no Norte e Nordeste há cidades cujos índices de pobreza
extrema se assemelham com o de países africanos.
OPINIÃO DE LEITOR NO CONTEXTO:
Assistam a esse vídeo, os EUA há
''apenas'' 80 anos enfrentavam a pobreza extrema em decorrencia da grande
depressão e do dust bowl (taça de pó), devido á seca que atingiu o meio oeste,
hoje muitos não imaginam isso num país tão desenvolvido num passado meio
recente : https://www.youtube.com/watch?v=TZz7mwvmm7A&feature=share
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