OPERAÇÃO TRICK DA POLÍCIA CIVIL- MARCO ANTONIO CAMPANELA:ALTOS ESQUEMAS E MUITA GRANA QUE PODEM FRITAR A DISTRITAL TELMA RUFINO

ALTOS ESQUEMAS E MUITA GRANA.ELES ANDAVAM JUNTOS DO PRESIDENTE DO PPL, MARCO ANTONIO CAMPANELLA E TRABALHARAM ATIVAMENTE  PARA A ELEIÇÃO DELE, QUE NÃO SE EFETIVOU E DA DISTRITAL TELMA RUFINO.



Rogério Amador e Edigard Enéas usavam as relações no governo passado para obter poder e arrecadar dinheiro. O primeiro tinha dois CPFs na Receita Federal, enquanto o segundo publicava fotos com políticos nas redes sociais


Bem vestidos, articulados e bons de conversa. Rogério Amador e Edigard Enéas, chefes de um megaesquema de lavagem de dinheiro da história do DF, se comportavam como boas-praças. Investigados pela Operação Trick, deflagrada semana passada pela Polícia Civil, eles ocuparam cargos de confiança na gestão de Agnelo Queiroz (PT) e não hesitavam em falar nomes de políticos graúdos para conseguir o que queriam. Mesmo com processos na Justiça, foram nomeados a postos relevantes no governo local. Um deles chegou a fraudar a própria identidade: Amador, por exemplo, tem dois Cadastros de Pessoa Física (CPF) na Receita Federal.

Servidor de carreira, Edigard chama a atenção pela ascensão no último governo. Ligado a Bolivar Rocha, era chefe da assessoria de gabinete do petista na
 Administração Regionalde Brazlândia. Na época, foi nomeado para a Comissão de Licitação de Obras do órgão e, um mês depois, tornou-se presidente do colegiado. No início de 2014, quando integrantes do primeiro escalão deixaram o GDF para as eleições, Bolivar virou secretário do Trabalho e levou Enéas junto, como subsecretário.

Nesse meio tempo, Edigard foi preso preventivamente, acusado de formação de quadrilha,
 corrupção ativa e grilagem, em agosto de 2012. Em vez de ser afastado, permaneceu no cargo. E mesmo à frente de um esquema que movimentou até R$ 100 milhões (leia Entenda o caso) e com um salário oficial de R$ 18 mil, em 20 de maio de 2014, segundo o Diário Oficial do DF, Enéas recorreu à subsecretaria de Administração-Geral e passou a receber o auxílio-creche, devido ao filho, nascido em 2009.

Nas redes sociais, Edigard fez campanha intensa para o PT e para Telma Rufino e Marco Antônio Campanella, candidatos a deputado distrital e federal, respectivamente. Postava imagens em agendas oficiais com
 Agnelo Queiroz e tem até uma foto com a presidente Dilma Rousseff. Além disso, há retrato dele de quimono patrocinado pelo ex-deputado José Tatico, que bancou a candidatura da eleita Telma.
Os operadores do esquema abriam empresas fantasmas e pegavam empréstimos no Banco do Brasil. Na instituição financeira, servidores pagos pela quadrilha autorizavam a liberação dos empréstimos. Um deles era Sergio Enéas Filho, primo Edigard. Gerente de uma agência em
 Taguatinga, ele é apontado como um dos cabeças da organização. A polícia encontrou 60 relógios na casa de Sérgio. Eram da marca Invicta que, geralmente, não custam menos de R$ 1,5 mil cada. A Polícia Civil investiga a participação de outros funcionários.

Careca
O outro líder, Rogério Gomes Amador, trabalhou na administração do
 Jardim Botânico como assessor de planejamento e ordenamento territorial, em 2013. Mais conhecido como Careca, não se surpreendeu quando teve a residência invadida por policiais. Na mesma hora, ligou para o advogado e, demonstrando calma, comunicou: “A casa caiu”. Ele trabalhava ativamente na criação de empresas fantasmas e na compra de CNPJ sem uso para operar o esquema. Morava em um hotel de renome à beira do Lago Paranoá.

Careca vinha sendo investigado desde 2011. Em dezembro daquele ano, João Dias, delator de um suposto esquema de desvios de recursos no Ministério do Esporte, agrediu uma servidora, entrou no gabinete do então secretário de Governo,
 Paulo Tadeu, e jogou R$ 200 mil sobre a mesa. Ele dizia estar devolvendo o dinheiro ao político. Amador é suspeito de ter financiado o episódio. À época, Paulo Tadeu e Rogério moravam no mesmo condomínio. Portador de dois CPFs, em um deles seu nome tinha uma letra a menos: era Rogério Gomes Amado.


Endenda o caso

Investigação de dois anos


As apurações do caso tiveram origem na Operação Casa Nova, em 2013. Naquela ação os acusados conseguiam linhas de crédito com auxílio de documentos falsos. Na Operação Trick, os agentes abriam empresas e, por meio delas, pegavam empréstimos milionários no Banco do Brasil. Calcula-se que, ao todo, a quadrilha operou com 54 empreendimentos fantasmas e 19 estabelecimentos reais. Cada um teria obtido empréstimos que vão de R$ 800 mil a R$ 1,4 milhão. Somado, o desvio é de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões, segundo a
 Polícia Civil. Há suspeita de que o esquema teria financiado campanhas eleitorais. Entre elas, estaria a da deputada distrital Telma Rufino e de Marco Antônio Campanela, ex-diretor do DFTrans que não conseguiu se eleger deputado federal. Houve busca e apreensão na casa de ambos e as investigações indicam que outros políticos podem ser apontados. Nos 32 mandados cumpridos, foram encontrados R$ 200 mil em dinheiro vivo e máquinas de contar cédulas.
Se ficar comprovada a participação de Telma no esquema de lavagem de dinheiro, a expulsão será mais do que justa, mas sequer houve indiciamento contra a deputada. Estranho, muito estranho, já que um dos burburinhos que corre nos bastidores diz respeito a uma articulação interna do PPL-DF para “fritar” Telma, favorecendo Campanella e seu grupo, que se viram ameaçados pelo poder que a única parlamentar do partido em Brasília vinha ganhando.
As investigações da Polícia Civil devem trazer à tona se houve ou não envolvimento de Telma, Campanella e outros nomes no esquema de corrupção para financiamento de campanhas eleitorais no DF, mas a executiva nacional do PPL agiu de forma radical e extremada ao abrir precocemente um processo de expulsão contra Rufino, enquanto ignorou outros nomes. Talvez nenhum partido tenha agido assim ao longo dos anos.

CORREIO BRAZILIENSE - DF 
e blog do FRED LIMA.

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