Investimento de
ponta na Educação
Por
José Reinaldo
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Nosso estado perdeu
muito tempo aplicando um modelo de desenvolvimento que, no final das contas,
não criou um ambiente de crescimento autossustentável de nossa economia. E
tampouco permitiu que tivéssemos indicadores sociais decentes, pelo contrário,
o resultado de fato foi o estabelecimento dos piores indicadores sociais do
país. Termos a pior renda individual, o pior IDH e o maior contingente
populacional classificado na faixa que define a pobreza absoluta são marcas
atuais mais que humilhantes para nós.
É lamentável dizer isso, mas não chegamos a esse patamar por falta de apoio e
força política, pois chegamos, inclusive, a ter na presidência da República um
político maranhense que até hoje mantém grande poder no país...
Portanto, cabe a nós agora a tarefa de encontrar uma solução para nos tirar
desse atoleiro econômico, social e moral. Mas como fazer?
Examinando o que aconteceu no Brasil e os casos de sucesso que permitiram ao
país chegar a ser uma das maiores economias do mundo, salta aos olhos uma instituição
modelar que permitiu o surgimento de pessoal altamente qualificado e que
resultou em enorme desenvolvimento. Além disso, possibilitou ainda a criação de
uma indústria de ponta que, certamente, sem a sua retaguarda, não teria o êxito
que tem. Estamos falando do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – o ITA –
instituição de ensino e pesquisa sediada em São José dos Campos, SP.
Esse instituto, só para dar uma ideia da sua importância, permitiu que surgisse
no país a indústria aeronáutica brasileira, muito expressiva, que produz e
exporta aviões de todos os tipos, inclusive militares, para todo o mundo. Essa
indústria só foi viável aqui devido à presença de técnicos e engenheiros muito
capazes formados por aquela escola. Mas não foi só a indústria aeronáutica que
surgiu em decorrência do ITA. Empresas de alta tecnologia só foram possíveis no
país devido à presença de pessoal especializado formado pelo Instituto, pois,
sem isso, seria impossível funcionarem e competirem em pé de igualdade no
mercado global. O Instituto foi fundado em 1950 e é vinculado ao Comando da
Aeronáutica.
O ITA repete o que aconteceu no mundo desenvolvido, de onde veio o exemplo. Nos
Estados Unidos existem várias instituições de altíssimo nível que ajudaram a
disseminar o conhecimento e o progresso, como o Massachusetts Institute of
Technology, o MIT.
A presença de uma instituição de ponta como essa é, por si só, um grande
indutor de desenvolvimento, atraindo empresas do mundo inteiro que se localizam
onde existe mão de obra altamente qualificada, como a produzida ali. Não temos
em nenhum dos estados da região nordeste do Brasil nenhuma escola desse nível.
Pois bem, o Maranhão – acreditem – poderia já ter uma escola semelhante desde a
década de 80. Eu era ministro do governo do Presidente Sarney à época e o
saudoso Renato Archer era ministro de Ciência e Tecnologia. Um dia nos
encontramos e eu puxei o assunto: trazer para o Maranhão uma escola igual ao
ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Nordeste, que seria uma escola em
tudo semelhante à de São José dos Campos, com o mesmo padrão de qualidade. Mas
por que o Maranhão? Pela presença aqui de importantes instalações do Ministério
da Aeronáutica, entre as quais uma Base Aérea muito bem equipada, além do
Centro de lançamento de Alcântara, com instalações excelentes que poderiam
muito bem abrigar uma escola daquele nível.
Empolgados com a ideia, procuramos o ministro da Aeronáutica para convencê-lo
da viabilidade do empreendimento e conseguir sua adesão à ideia. Em suma,
propusemos que no começo, enquanto o Instituto se instalava, a direção da
escola e os professores seriam comuns a São José dos Campos e a São Luís. Sim,
porque seria aproveitada a estrutura existente nas bases aéreas nas duas
cidades, permitindo que em pouco mais de três horas professores do ITA
estivessem aqui para ministrar aulas e que poderiam retornar a São Paulo e
ministrar aulas em São José dos Campos, já no dia seguinte. Mais tarde, no
entanto, o Instituto do Nordeste teria os seus próprios professores.
Esse argumento convenceu o Ministro da Aeronáutica e então preparamos uma
exposição de motivos bem completa descrevendo a viabilidade do projeto e,
assinada pelos três ministros, a entregamos em audiência conjunta com o
Presidente da República, José Sarney. Esperávamos com isso que Sua Excelência
determinasse imediatamente a tomada de providências. Mas, para nosso espanto,
essa ordem nunca foi dada e o projeto não seguiu em frente.
Talvez essa tenha sido uma das decisões mais equivocadas e incompreensíveis daquele
governo. Sou capaz de afirmar que o apoio àquela ideia teria mudado o Maranhão.
O que motivou então o desinteresse? Podemos cogitar...
Mas, vejam, esse projeto continua tão importante e atual, como na década de 80
e, compreendendo isso, a bancada do Maranhão no Congresso Nacional em peso
iniciará uma luta para concretizarmos essa ideia tão fundamental para o
desenvolvimento futuro do nosso estado. Uma equipe técnica da Câmara Federal
prepara um estudo para embasar o nosso projeto e então passaremos a combater em
todas as frentes que se abrirem pela implantação do nosso “ITA-NE”.
Trinta anos depois retornaremos a luta. Se conseguirmos viabilizar projeto tão
importante, estará justificada a presença de cada um de nós na política
nacional.