Em reveladora e estarrecedora entrevista a Beatriz Bulla, do
Estadão, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de
Noronha, confirmou que somente um pequeno grupo de técnicos do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) assistiu o minuto a minuto da totalização dos votos.
De acordo com o corregedor-geral, foi por ordem direta de
Toffoli que o TSE montou um esquema para manter isolados os técnicos
responsáveis pela apuração, sem contato inclusive com outros membros da Corte.
E o mais inacreditável é que, ainda segundo o
corregedor-geral João Otávio de Noronha, a orientação dada pelo presidente do
TSE, ministro Dias Toffoli, era para que os técnicos não informassem nem a ele
o resultado parcial da eleição antes da abertura dos dados para todo o País.
Como todos sabem, essa abertura dos dados somente ocorreu já
depois das 20 horas, quando estava assegurada a “eleição” da candidata oficial
Dilma Rousseff. Esses são os fatos – verdadeiros, indiscutíveis e irrefutáveis
– que marcaram as estranhíssimas inovações desta eleição presidencial, em que
não houve transparência nem fiscalização.
NEM OS MINISTROS ACOMPANHARAM…
As declarações do corregedor-geral João Otávio de Noronha são
inaceitáveis e assustadoras, porque jamais ocorrera no país uma eleição em que
até mesmo as maiores autoridades da Justiça Eleitoral foram proibidas de
acompanhar a apuração.
Antigamente, de acordo com o próprio Noronha, os ministros do
TSE acompanhavam normalmente a apuração dos votos. Mas desta vez, eles só
tiveram acesso aos números quando foi anunciada, de chofre, a vitória de Dilma
Rouseff, pois embora se alegasse que “a eleição não estava matematicamente
definida”, não havia mais a menor possibilidade de uma virada de Aécio Neves.
Esta é uma página deprimente da História Republicana, escrita
primeiro com urnas eletrônicas sabidamente vulneráveis e que não foram
submetidas a testes, e depois com uma apuração em sala secreta, à qual nem
mesmo os ministros do TSE tiveram acesso.