Saúde Pública no DF: Uma espera sem fim
Pacientes do HRC aguardam por cirurgia em macas no meio do corredor
Para a população, descaso. Para as autoridades, excesso de
demanda. Os dois lados, porém, são de uma mesma moeda: a saúde pública. Desta
vez, a denúncia parte de pacientes que esperam por cirurgia na ortopedia no
Pronto Socorro do Hospital Regional de Ceilândia há pelo menos dois
meses.
Além da demora no atendimento, pacientes e acompanhantes precisam
enfrentar outras situações deploráveis, como macas nos corredores, depósito de
lixo dentro do hospital e falta de médicos.
Os relatos de descaso se assemelham. Uma mulher conta que no
último dia 28 acompanhou o pai, de 69 anos, ao Pronto Socorro do HRC. O
paciente havia quebrado o fêmur, passou pela triagem e foi classificado pela
cor amarela, ou seja, urgência média. “Mandaram ele direto para o corredor,
porque não tem espaço para os pacientes, e falaram que ele teria que ficar
internado esperando pela cirurgia. Já faz mais de dez dias que ele está lá”,
lamenta.
Hemodiálise
A preocupação dela é que o pai passe mais tempo que o
necessário no hospital e pegue alguma doença ou inflamação. “O pior é que ele
tem de fazer hemodiálise três vezes por semana e não pode se mover devido a
perna. Ele já teve que ser levado de ambulância para o Hospital Universitário
de Brasília (HUB) para fazer o tratamento quatro vezes. Uma vez ele esperou
três horas porque estava em falta a maca nas ambulâncias”, reclama.
Outra acompanhante de paciente do HRC também relata uma
história de espera. Ela está desde o dia 28 de dezembro acompanhando o marido
que caiu do telhado e, além de quebrar o pulso, chegou a perder a consciência e
teve edemas na cabeça. “Quando chegamos, fizeram raios X só no pulso dele. Só
levaram a sério depois que ele desmaiou e foi parar na sala vermelha. Ele foi
levado para o Hospital de Base para fazer uma tomografia e voltou. Até hoje
aguarda a cirurgia e reclama de tontura e dor de cabeça”, conta a técnica de
enfermagem.
Sem previsão
Para ela, a falta de previsão é frustrante. “Teve um dia que
deixaram seis pessoas de jejum e às 16h da tarde cancelaram a cirurgia”.
Demanda é alta
De acordo com o HRC, a demanda na ortopedia aumenta nesta
época do ano, mas a equipe está completa. Segundo o hospital, os casos
menos críticos precisam aguardar. Os mais graves são atendidos e encaminhados
ao centro cirúrgico ou transferidos para outros hospitais.
CORREÇÃO; Esta foto é do Hospital de Base de Rondônia, o que na verdade não faz diferença nenhuma em relação ao do DF, onde em vários hospitais, já nasceram crianças, em macas, no chão, nos corredores e até mesmo em banheiros!
ABSURDO!
Gestantes aguardando atendimento no chão, em hospital do DF.
Hospital diz não haver irregularidades
Mas o que mais preocupa os acompanhantes são as condições nas
quais os pacientes ficam dentro do hospital. “A cama do meu marido fica logo em
frente à coleta de lixo. Lá eles jogam gazes com sangue, seringa, fralda suja e
até resto de alimento. Tem horas que o cheiro fica insuportável”, relata a
técnica de enfermagem.
O assessor de imprensa do Hospital Regional de Ceilândia,
Julio Duarte, diz que, de fato, foram colocadas lixeiras próximo às macas para
que recebam o lixo despejado pelos pacientes, visitantes e acompanhantes. Ele
completa, ainda, que o chamado expurgo - setor responsável por receber
materiais usados no Centro Cirúrgico e Unidades de Internação - sempre fica
dentro do hospital.
“Materiais como agulhas, seringas ou qualquer coisa utilizada
no pronto socorro são recolhidos pela limpeza e ficam armazenados nesta sala
que realmente fica próxima às camas. Mas tudo é retirado todas as semanas”,
conclui.
Versão Oficial
De acordo com a Secretaria de Saúde, as filas para a cirurgia
seguem a ordem de prioridade, onde pacientes mais graves devem ser atendidos
primeiro. “Ressaltamos que a SES/DF vem fazendo constantes contratações e que
neste ano ocorrerá um novo concurso público com vagas para várias
especialidades”, informa.
Jornal de Brasília
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