😭A última cuia de Dona Alzira. No interior de Itaqui, vivia a Dona Alzira, uma prenda velha que nunca deixava faltar um fogo aceso no fogão à lenha e um mate bem cevado. Era conhecida por ser paciente — paciente até demais — e sempre esperava todos da roda terminarem de falar antes de passar a cuia.

Num fim de tarde de inverno, o vento minuano soprava forte e a chuva miúda batia na janela. Os netos brincavam no galpão, os filhos conversavam sobre lavoura, e ela, quieta, cevou um mate especial, com erva nova e água na medida. Tomou um gole, olhou pra cada um como se quisesse gravar o rosto de todos e, antes de passar a cuia, deixou-a apoiada no colo, abraçada contra o peito.

Demorou. Tão quieta, que pensaram que estivesse cochilando. Mas não…
Dona Alzira tinha partido. Assim mesmo, sem alarde, com a cuia na mão, no meio da roda, cercada de quem amava.

Naquele dia, ninguém mais tomou mate. A cuia ficou parada, e o silêncio foi mais amargo que qualquer chimarrão.

Desde então, sempre que alguém segura demais a cuia e atrasa a roda, alguém lembra com um meio sorriso e um nó na garganta:
— “Bah… uma vez uma véia morreu com a cuia na mão…”

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