O Homem de Couro.

Em 1883, um estranho surgiu das sombras das florestas do nordeste dos Estados Unidos. Vestia-se inteiro com couro rude, costurado à mão, feito das partes superiores de botas velhas. O traje pesava mais de 30 quilos — e parecia pesar também o tempo, o silêncio e o mistério.

Ninguém sabia seu nome. Ninguém sabia de onde vinha, nem para onde ia. Mas sabiam que voltaria. Sempre voltava.

Durante quase seis anos, percorreu incansavelmente um mesmo circuito de 580 km entre os rios Hudson e Connecticut. A cada 34 dias exatos, reaparecia em uma das 41 pequenas cidades do sudeste de Nova Iorque e do sudoeste de Connecticut. Dormia em cavernas. Aceitava comida em silêncio. Respondia apenas com gestos e grunhidos. Não pedia nada. Nunca exigia. Apenas seguia.

Sua precisão era tão perfeita que os agricultores deixavam pão e café à sua espera. Algumas crianças se escondiam. Outras corriam para vê-lo passar. Ninguém ousava tocá-lo. Nem compreendê-lo. Apenas observavam — em silêncio, como ele.

Jamais atacou. Jamais implorou. Jamais parou.

Em 1889, o ciclo terminou. Morreu sozinho. Foi enterrado sob uma lápide simples, quase seca: “O Homem de Couro.”
Anos depois, abriram-lhe a cova em busca de respostas. Encontraram apenas ossos, couro… e silêncio.

Hoje, tudo o que resta são fragmentos de jornais amarelados, raras fotografias, histórias sussurradas… e o eco distante dos seus passos entre as árvores.

Quem era ele? Um santo? Um criminoso fugido? Um eremita por escolha? Ninguém sabe.

Mas uma coisa é certa:
Sem dizer uma única palavra, o Homem de Couro deixou atrás de si um dos maiores mistérios a calar nas florestas da América. Uma pegada indelével. Um enigma que ainda caminha entre as folhas.

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