MULHERES: EM DIA DE HOMENAGENS, UMA CHAMADA A UMA PREOCUPANTE REFLEXÃO!

MULHERES, DONAS DE TANTAS CONQUISTAS, JÁ PASSOU DA HORA DE HORA DE LUTAR PELA VIDA!
ESPANCADA POR MARIDO GRÁVIDA MORRE IGUAL CACHORRO: A CHUTES

Maria Edjane de Lima, trinta e cinco anos, grávida de vinte e sete semanas, morreu de hemorragia. Acontece? Gravidez tem dessas coisas?

Detalhe é que ela morreu de hemorragia porque levou uma surra do homem com quem morava. Oberdan Gonçalves Braga, pai do filho que estava esperando.
Seu companheiro? Seu parceiro? Não fica nem bem chama-lo assim, né? Trata-se de um monstro. Uma pessoa agressiva, sem limites, sem empatia. Como podemos chamar um homem que agride com todo ódio a mulher que carrega seu filho no ventre?
Maria Edjane foi agredida, chutada, xingada, humilhada sem dó. Essas agressões lhe causaram a hemorragia. Isso não é assassinato? Não consigo entender de outra forma.
Uma criatura que chuta, sem remorsos, a barriga onde seu filho estava sendo gestado só pode querer que a criança morra. Ele queria matar as duas: mulher e filha. Só que deu azar. Por enquanto matou uma só.
Maria Edjane foi até a delegacia. Deu parte do agressor. De lá foi internada no Hospital da Mulher, em Barra Mansa, onde deu à luz à sua bebê. A bebê luta pela vida num leito de UTI. Não se sabe se vai sobreviver. Se sobreviver, se terá sequelas.
Edjane não sobreviveu. Não teve tempo de se encantar com o rostinho dela. Nem se emocionar com o primeiro olhar trocado.
Da bebê, foram roubados o direito ao peito, ao colo, ao amor materno. Isso sem falar dos riscos que o nascimento de um prematuro pode trazer. E se ela precisar de tratamentos? Fono? Fisio? Terapia Ocupacional? Quem vai levar? O papai monstro?
Um homem que mata a mulher e coloca a vida da filha em risco de propósito, tem condições e caráter para ser um bom pai? Quem vai cuidar dessa menina que já nasce com um futuro capenga faltando pedaço?
Maria Edjane foi morta. Essa não foi uma morte sem avisos. A morte de mulheres que se relacionam com homens agressivos é uma tragédia anunciada.
Eles chegam maravilhosos. O homem perfeito. O príncipe num cavalo branco. Carinhoso. Dedicado. O amor em pessoa. Trazem presentes, elogios. Os avisos surgem aos poucos. Uma crise de ciúmes daqui. Uma sacudida no braço dali. Uns xingamentos. As brigas crescentes.
Você pensa que é ciúmes. Ele também diz que é. E você se encanta porque:
- Sinal de que ele me ama.
Ele não ama. Ele possui. Quer ser o dono. Você e o carro dele têm o mesmo valor. Você um pouco menos se o carro for novo.
Ele manda. Ele ordena. Ele controla. Ele virou seu chefe. Um chefe sádico que destrata, humilha, só sabe botar defeitos. Você se encolhe. Vai murchando. E acreditando que não vale nada mesmo.
Um dia ele te empurra. No outro te dá um sacode. Depois ele chora. Pede perdão. Jura amor eterno. Vocês não podem acabar assim. E você pensa que, no fundo, bem lá no fundo, o coração dele é bom Por isso dá outra chance.
Você não conta nada, mas tem medo da solidão. Ficar só. Recomeçar tudo de novo. Ele diz que mais ninguém vai te amar como ele. Você acredita. E, com a autoestima no pé, vai ficando.
Era tão bom no começo. É tão bom nos dias depois de fazer as pazes. Por que não tentar? E você vai ficando. Sem perceber que dorme com o inimigo. A morte ali te rondando sem fazer alarde.
Maria Edjane deu queixa. Uma queixa? 
E quantas surras levou até chegar a esse ponto? Quantas humilhações? 
Quantas mentiras teve que contar para disfarçar os roxos do corpo e da alma?
Dar queixa e voltar para a mesma casa? Olho a olho com o agressor ainda mais furioso? Isso é brincadeira? Que justiça é essa que desprotege as mulheres? Que brinca com a vida alheia? Que promete e não cumpre, não cuida, não protege?
As leis têm buracos por onde escapam os safados agressores. Brechas que nos deixam jogadas à própria sorte. É com desespero que a gente assiste uma criatura dessas como o marido de Edjane sair pela porta de frente da delegacia enquanto ela vai para baixo da terra.
Medidas protetivas? Tornozeleira eletrônica? Não tem nem para bandido, vai sobrar para botar em agressor? Estamos sendo mortas como moscas. Uma a uma. Sem causar alarde. Sem protestos. Sem que a justiça se coce.
Um cachorro foi morto a pauladas num supermercado Carrefour. Houve protestos, revoltas, movimentos. 
Exigiram providências. 
Punição para o responsável. É justo? 
Penso que sim.
Maria Edjane morreu como o cachorro do Carrefour. A chutes e pauladas. Como uma vira-lata indesejada. O que faltou à polícia para tomar providências? Como um homem desses sai livre, leve e solto depois de uma atrocidade dessas?
O cachorro do Carrefour não merecia ser morto. Apoio todos os movimentos e repúdios que foram feitos. 
E aguardo, aflita, que Maria Edjane mereça a mesma consideração.
Justiça, o sangue derramado de Edjane sangue te pertence. Essa bebê sem mãe também. Seu silêncio é conivente com os homens assassinos. Seu silêncio faz derramar sangue de mulheres inocentes nas nossas terras. 
Até quando?
Foi lutando, em todos os sentidos, que as mulheres conseguiram o direito ao voto, a dirigir, ao trabalho. Não está na hora de lutar pela vida?

Extra.com-RJ
Por: Mônica Raouf El Bayeh 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato