O LIXO QUE ENVERGONHA; O MEU O SEU
O NOSSO!
Todo o resíduo e entulho recolhidos na primeira fase do SOS
DF formaria uma pilha de oito mil metros, o equivalente a 46 torres digitais,
uma em cima da outra.
O SOS DF mostra uma triste realidade para o DF. De acordo com
informações do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), na primeira fase do programa,
realizada entre 2 de janeiro e 4 de fevereiro – 34 dias – foram recolhidas
21.164 toneladas de lixo e entulho. Se todo esse lixo fosse empilhado,
atingiria oito mil metros de altura. São 46,5 torres digitais – cada uma com
182 metros – empilhadas.
O destino desse lixo – caso não fosse recolhido – seria
fatalmente as bocas de lobo das ruas das cidades. O resultado dessa falta de
cuidado é o entupimento das redes, que causa alagamento nas ruas, chegando a
atingir até casas e lojas. Ou seja, a população é a maior prejudicada quando o
lixo é descartado de forma errada, no meio da rua, por exemplo.
As enchentes são um dos prejuízos causados pelo descarte de
lixo em lugares impróprios. Há ainda a questão de saúde pública, pois lixo
amontoado é criadouro de insetos e bichos transmissores de doenças.
Esse lixo descartado de forma irregular e que é recolhido
pelo SLU é tudo o que a população joga fora, que é chamado de resíduo
domiciliar. Isso inclui os resíduos recicláveis e os orgânicos/rejeitos. Ou
pelo menos deveria ser assim. O problema é que vez ou outra os garis acham
outro tipo de lixo, como os inservíveis, que são colchões, fogões, móveis e até
eletrodoméstico.
“Faz parte também do SOS DF conscientizar e orientar a população
sobre como jogar os vários tipos de resíduos fora. As equipes do SLU estão
fazendo esse trabalho”, diz o coordenador do programa e secretário de Obras,
Izídio Santos.
Os números revelados pelo programa SOS DF, referentes à
coleta de lixo e entulho, mostram que é preciso mais cuidado ao jogar os
resíduos fora. No site do SLU há informações sobre o descarte correto de lixo.
Acompanhe lá: http://www.slu.df.gov.br/servicos-do-slu/
RELEMBRE O LIXÃO DA
ESTRUTURAL:
Estradas de terra cortam o Lixão da Estrutural de fora a
fora. Por elas trafegam caminhões abarrotados de resíduos. O ar é insuportável,
devido ao cheiro azedo misturado aos gases provenientes de decomposição de
produtos descartados, principalmente domésticos. Há uma energia pesada
no local.
As condições insalubres, contudo, não impedem a presença de
cerca de 2 mil homens e mulheres, que disputam cada metro quadrado do segundo
maior lixão a céu aberto do mundo e o maior da América Latina, em busca da
sobrevivência. Essa rotina extenuante e retrato da exclusão social são expostos
pelo Correio na série de reportagem Lixão, problema de todos
nós, publicada a partir desta quarta-feira (10/5).
O Lixão da Estrutural, em processo de desativação, está a
15km da Praça dos Três Poderes, centro das decisões políticas do país e coração
da capital da República. É tão grande em volume que fica atrás apenas do Lixão
de Jacarta, na Indonésia. A diferença é que a população de Jacarta é seis vezes
maior do que a do DF.
O depósito improvisado nasceu praticamente com Brasília.
Passados quase 60 anos, o espaço acumula 40 milhões de toneladas de detritos. O
maciço — nome técnico para a parte central onde é disposto o lixo domiciliar —
tem 55m de altura.
» O Lixão da Estrutural surgiu na
década de 1960
Na época, cerca de 130 pessoas começaram a ocupar barracos
construídos de madeira e plásticos, obtidos do lixo. O lugar, à época, era
relativamente longe do Plano Piloto, 15km.
» Em 1978, o lixo já sustentava diversas famílias
da Cidade Estrutural. O que muitos não sabem é que a cidade começou a surgir a
partir do Lixão. Os resíduos vinham da capital federal e eram aproveitados por
centenas de pessoas.
» O depósito irregular de lixo foi feito de forma
improvisada. A pilha de resíduos crescia a cada dia e mais moradores se
acumulavam ao redor da área. Problemas ambientais e sociais começaram
a surgir.
» O Setor Complementar de Indústria Abastecimento (SCIA) foi
criado em1988, ao lado da Vila Estrutural. Na época, a intenção era
retirar a população das proximidades do Lixão. Várias tentativas foram
realizadas.
» Em 1993, viviam 393 famílias na Cidade
Estrutural. Desse número, 149 trabalhavam como catadores de materiais
recicláveis. Já em 1994, a quantidade de famílias passou para 700.
» O Lixão se ampliou e atraiu ainda mais catadores. O SCIA
foi transformado em uma região administrativa em janeiro de 2004. A
Estrutural se tornou a sede urbana da cidade.
» Entre as inúmeras tragédias do Lixão, está a do catador
Jhony Pereira de Sousa, 17 anos, morador da quadra 8 da Estrutural, que morreu
em 2 de fevereiro de 2008, atropelado por um caminhão de lixo.
» Em 2015, o Lixão da Estrutural já era
considerado o maior da América Latina e o segundo maior do mundo. Cerca de, 1,5
mil pessoas viviam dos restos que vinham da capital federal.
Valter Gomes, 62 anos, catador
» Atualmente, existem mais de 2 mil catadores que
vivem do material que chega no Lixão da Estrutural. A pilha de resíduos chega a
55 metros de altura. A região administrativa também cresceu e conta com cerca
de 39 mil habitantes.
Correio Braziliense