José Arimateia Costa se 'aborreceu ao ver uma marca de cuspe na varanda
do apartamento', diz processo. Crime foi ano passado, em Samambaia.
Justiça do Distrito Federal condenou a 15 anos
e 6 meses de prisão o policial
militar reformado José Arimateia Costa por matar o vizinho do andar de cima,
Adilson Ferreira Silva, depois de um desentendimento em um grupo de mensagens
no WhatsApp do condomínio. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (24). Cabe
recurso.
O crime aconteceu no dia 7 de setembro do ano
passado, em Samambaia. Na ocasião, o acusado se "aborreceu ao ver uma
marca de cuspe na varanda de seu apartamento".
José Arimateia foi indiciado por homicídio
triplamente qualificado, por motivo fútil. O G1 não localizou
a defesa do réu.
José Arimateia Costa é PM reformado (Foto: TV
Globo/Reprodução)
Segundo as investigações, a discussão começou
por volta de 18h, por celular. Um registro da conversa mostra que o policial
militar mostrou a mancha branca que apareceu na varanda do apartamento (veja
imagem acima). Ele acusa o vizinho de ter "cuspido pasta de
dente" pela janela.
Após a discussão virtual, o PM atirou duas
vezes contra Silva. O vizinho, que tinha 36 anos, foi atingido no tórax e
morreu no local. A vítima era casada e tinha um filho que havia recém completado
três meses.
'Circunstâncias reprováveis'
Apartamento onde PM reformado matou vizinho por
causa de briga em aplicativo de conversa (Foto: TV Globo/Reprodução)
No entendimento do juiz que julgou o caso,
"as circunstâncias do crime são reprováveis", pois a execução se
iniciou na porta da casa da própria vítima e se consumou na sala, "tudo na
presença de sua companheira".
Além disso, o magistrado afirma que os disparos
que atingiram Adilson foram feitos "mesmo diante do apelo desta [mulher],
que rogou pelo amor de Deus no momento da desavença".
Durante o processo, a defesa alegou, no
entanto, que o homicídio ocorreu por "legítima defesa". Os advogados
pediram, ainda, o afastamento das qualificadoras alegadas pela promotoria pelo
fato de o crime ter sido cometido, supostamente, "sob violenta
emoção" e após "injusta provocação da vítima".
Arimateia está preso desde o ano passado na
carceragem da polícia, no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele
foi detido, no Gama, dois dias depois de cometer o crime. O réu poderá
recorrer da sentença, mas na mesma condição.
Relembre o caso
O crime aconteceu na noite do feriado de 7 de
setembro. Costa e o vizinho Adilson Silva, 36, discutiram em um grupo de
mensagens do condomínio onde moravam, em Samambaia.
De acordo com a Polícia Civil, depois da troca
de mensagens Costa foi até o apartamento de Silva, onde voltaram a discutir e
entraram em luta corporal. Em seguida, o policial reformado sacou uma arma e
disparou contra o vizinho.
Depois do crime, Arimateia fugiu de carro.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio registraram o momento da fuga (veja
abaixo).
A discussão
A discussão começou às 18h, por mensagens
trocadas no WhatsApp. Em uma imagem, o policial militar José Arimatéia Costa
mostrou uma mancha branca que apareceu na janela do apartamento, e acusou o vizinho
de cima de ter "cuspido pasta de dente" pela janela.
Em resposta, Silva enviou uma sequência de
mensagens e áudios, em que negava a "autoria" da mancha e chamava o
vizinho para resolver as coisas "pessoalmente".
"Meu irmão, você tá a afim de resolver sua porra, você venha pra cá
e fale, tá bom? Não venha pra cá botar porra de grupo. Você não sabe o que tá
falando, não. [...] Cheira essa desgraça aí e veja se é uma pasta de dente,
rapaz! [...] Suba aqui pra gente conversar."
A discussão virtual cessou e, minutos depois,
vizinhos ouviram tiros no apartamento de Adilson. Em um áudio enviado no mesmo
grupo, uma mulher fala sobre o momento do crime. "Já acionei o 190 aqui
para chamar a polícia. Mas foi um negócio, assim, violento, e eu vi na hora que
ele disparou a arma".
G1-DF