FOI BEM PERTINHO DE NÓS...
LIÇÕES QUE A VIDA INSISTE EM NOS ENSINAR, MAS MUITOS INSISTEM EM NÃO
APRENDER.
(Aconteceu aqui, na nossa capital e
me foi narrada por uma pessoa que prefere ficar “invisível”.)
Uma família, uma criança, uma
situação desesperadora de doença, daquelas em que os médicos chegam para os
familiares e dão o diagnóstico de uma séria e grave doença, de difícil
tratamento; “levem esta paciente para casa e cuidem dela por lá, porque não
adianta permanecer aqui, com ela internada”.
Mas terão que providenciar uma
estrutura especial, em quarto apropriado para este tratamento.
Mas, e agora, pobres e sem recursos
de qualquer monta para iniciar tão pesada jornada?
Poderia ser seu filho, meu filho ou
de qualquer um de nós.
Movidos então por um sentimento
infinito de compaixão, alguns empresários e também amigos, pioneiros desde o
início da cidade, donos de comércios dos mais variados ramos, resolvem tomar a
iniciativa de ajudar aquela vida, aquela pessoa certamente desprovida de melhor
sorte com sua filha pela vida afora, e a quem nada mais importa senão a vida da
outra e jamais a sua própria.
Sem que se deva atribua a nenhum de
nós o poder e o direito de julgar as razões de sua sorte ou destino.
Cotiza daqui, comunica dali,
fala-se com outros amigos de igual porte e convivência por serem todos de boas
posses, e começa-se a construir e a se levantar para aqueles pauis, o espaço
adequado para que eles cuidem de sua filha em condições melhores, o que para
muitos, não seria mais que uma irrisória caridade.
Mas eis que surge de forma
inapelável, a natureza egoísta na sua forma mais bruta e cruel, demonstrando o
apego desesperado de que tudo o importa para um certo tipo de seres humanos, é
realmente o “ter”, e não o “ser”, o “doar-se”, o “fazer”.
O mesmo ser humano capaz de dar um
presente ao filho de valor inimaginável, ou qualquer coisa que lhe fosse
pedida, não é capaz de ajudar com uma ridícula soma que lhe foi nomeada por
aquele grupo de amigos já em plena euforia solidária, e cristã, a esta inocente
criatura, filha de um pai e mãe, totalmente desprovidos de recursos e nega-se a
contribuir com tal caridosa causa, com um pouco mais do que se oferece vergonhosamente
para “ajudar”, dando menos do que poderia, apenas para não ficar mal frente aos
amigos.
Alguns, cidadãos de sucesso em seus
negócios e muito bem resolvidos em suas lutas e vidas financeiras, e como todos
nós, com problemas com filhos, com a própria saúde, com suas famílias mas com
suas vidas e seu patrimônio estável e
assegurados após longos anos de trabalho desde o começo desta cidade, lançaram
como se movidos por divina inspiração, a ajudar a esta família e deram do
melhor que podiam aquele pai perturbado pela possibilidade de não conseguir tal
estabilidade para cuidar de sua filha.
Já um outro, dos considerados mais
ricos materialmente, e em condições de poder ajudar de forma abundante sem
qualquer aperto ou possiblidade de sentir falta ou escassez, do que poderia
doar, fechou-se em copas, de modo patético como se não pudesse fazer naquela
situação para minimizar tal sofrimento.
Entendo que quem construiu um
império, mercê de trabalho exaustivo e cuidadoso, dia e noite, investindo cada
minuto de sua vida e dedicação, tem todo direito de desfrutar dele, sem que por
regra ou lei nenhuma, seja obrigado a compartilhar de seus milhões em banco,
com quem quer que seja.
Mas ver alguém debilitado pela
sorte em caminho quase terminal de doença, e ter medo de ser picado pelos
escorpiões que tem no bolso, leva-me a crer que resta pouco no fim da vida de
pessoas assim, quando olhadas pelo lado espiritual, para que se possa acreditar
que elas terão vida digna e eterno descanso após sua partida, ao se negar a ser
solidário com o sofrimento do seu próximo, aquele que está no mesmo barcos.
Vi desde que aqui cheguei nesta
cidade, há mais de 45 anos, alguns dos homens mais ricos, e com os quais tive
oportunidade de conviver por negócios e serviços profissionais, e donos de
patrimônio quase incalculável e que, quase com certeza, nem eles sabiam tudo o
que tinham, partirem desta para melhor(será?) e deixarem juízes, advogados e
parentes perdulários, em guerra aberta pela sua tão grande fortuna. Já há mais
de 20 anos em disputa e sem perspectivas de solução!
A alma que pobre em seus traços de
sorte e fortuna, pede ajuda ao que está do seu lado e em condições de minorar
seu sofrimento, inequivocamente nos conduz ao relato do Mestre dos mestres,
quando narrou na Santa Palavra, a história triste de homem pobre e cheio de
chagas que mendigava migalhas na soleira do homem rico, que debalde, quis
atende-lo, e viu-se posteriormente a pedir que se molhasse um dedo e aplacasse
sua sede em meio as chamas que o consumiam eternamente!
Deus Pai e Criador em sua Santa e
Onisciente Sabedoria nos algo bastante profundo e que serve de guia a cada dia,
a cada um dos nossos passos: O livre arbítrio, dono ou senhor e responsável por
decisões que cada irmão de caminhada tomar.
Mas é sabido que assim como as
faturas de nossos cartões de créditos, água e luz nos chegam como compromissos,
alguns dos quais muitas usamos sem sequer dar valor ou notar, no campo
espiritual, nossas “faturas” não vencem no final de cada mês, mas sim no dia do
inevitável Dia do Juízo e do acerto Divinos, que nos leva a ver e entender que
ninguém terá nunca estas duas oportunidades nem agora e nem depois: a de voltar
e consertar o que errou, e nem a de voltar e gozar do que que não aproveitou.
A viúva que deu a única moeda
naquele templo em Jerusalém, ganhou certamente o Céu, a Salvação de sua alma.
Alguns, ao contrário de Alexandre o
Grande que pediu, segundo contam, para ser enterrado com as mãos fora do
caixão, e distribuindo ao longo de seu féretro, seu ouro e suas joias
conquistadas a peso de batalhas e muitas vidas e sangue, deveriam pensar que o
bem feito ao próximo só será faturado aqui, mas creditado depois, assim como a
usura e sovinice também serão debitadas de nossas contas no “Banco da Vida”, e
cobradas depois.
E há quem diga em tom insolente,
mas que sirva de lição, que nunca se viu carro forte acompanhando enterro.
Vamos todos desembarcar um dia
desta mesma viagem, alguns em uma, e outros sem saber em qual estação.
Mas para trás ficarão nossos
castelos, com ou sem riquezas, nossos sonhos e mais nada de nós enquanto seres
que fomos.
Misericórdia e amor divinos,
moveriam o mundo tornando-o melhor para muitos milhares de sofredores, não
fosse o egoísmo exacerbado de muitos.
Deus e somente Ele, sabe o dia de
amanhã.
Karlão-Sam.