DEDÉ SANTANA E UMA BELA HISTÓRIA DE VIDA! ELE REECONTRA FAMILIA DO CIRCO PORTUGAL 58 ANOS DEPOIS NO DF!

DEDÉ SANTANA LEMBRA HISTÓRIAS DE QUANDO VIVEU EM BRASÍLIA



O eterno Trapalhão viaja no tempo e recorda do tempo em que fez arte e cultura entre as ruas da cidade em construção.


Nascido em Niterói e criado sob as lonas do circo, Manfried Sant’Anna, mais conhecido por Dedé Santana, 81 anos, estreou sua vida nos picadeiros aos 3 meses de idade. Ator, apresentador, diretor e roteirista, consagrou-se na memória de muitos brasileiros como um dos eternos trapalhões. Com mãe contorcionista e tio humorista de picadeiros, a veia artística corria solta desde os primeiros passos. O tio, Colé Santana, amigo de Juscelino Kubitscheck, contou ao sobrinho sobre o surgimento da nova capital e logo a cidade se transformou em sonho. Ao ouvir as histórias de Brasília, que se erguia no meio do cerrado, Dedé decidiu arrumar as malas sem saber o que encontraria no centro do país.

O humorista chegou em um caminhão de circo cerca de três anos antes da inauguração, que aconteceu em 21 de abril de 1960. O primeiro lugar que serviu de moradia foi a Cidade Livre, onde Dedé desembarcou. “A maioria das casas era feita de madeira, se você conseguisse um terreno, poderia construir por lá. Eu me encantei pela capital. Eu passava de manhã na cidade em construção e não tinha nada, depois, passava novamente de noite, e tinha uma rua toda iluminada. Aquilo para mim era um teatro, um mundo de fantasia. Os caminhões todos chegando cheios de gente para trabalhar, era alucinante”, lembra o ator.



























Os Trapalhões, um dos momentos mais marcantes da carreira(foto: reprodução)

Ao lado do irmão, Dino Santana, Dedé decidiu abrir um restaurante chamado Bossa Nova. “Achei que era isso o que faltava na cidade. Por lá passaram artistas como Tom Jobim”, conta o humorista. Os trabalhos logo aumentaram e, além das apresentações no circo, o artista foi convidado para fazer um programa na Rádio Nacional. Decidido a colaborar com o movimento cultural da nova cidade, que se mistura à vida do humorista, Dedé montou um pequeno teatro na W3 Sul, onde estreou um espetáculo chamado De Cabral a JK.
 Dedé e o filho, Maurício(foto: arquivo pessoal)

Certa vez, enquanto saía da Cidade Livre, onde morava, recebeu um pedido de carona para o Plano Piloto. Desde então, o carro saía sempre cheio e o humorista recebia pequenas contribuições pelos caminhos percorridos de um lado a outro da cidade. “Eu dizia que sim e todo mundo entrava e ia me pagando. Quando eu voltava do Plano Piloto acontecia a mesma coisa. Todo dia, nos horários de pico, eu fazia esse trajeto e, quando vi, estava ganhando mais dinheiro que no restaurante”, lembra, às risadas, o ator. Logo vieram as participações na TV Brasília e Dedé conta ter feito parte de algumas das primeiras atrações do canal.

O eterno trapalhão também morou na Asa Norte, cumprindo a vontade de viver em uma das asas do avião. Nessa época, ele era casado com a atriz Ana Rosa, com quem teve um filho, Maurício. O menino, com 1 ano e três meses, teve leucemia e a família decidiu ir para São Paulo buscar um tratamento mais avançado. Foi assim que Dedé se mudou da capital. Em São Paulo, o humorista viveu pela arte e despontou nacionalmente ao lado do conhecido quarteto formado por ele, Didi, Mussum e Zacarias.
 Reencontro 

Dedé no espetáculo Palhaços(foto: Daniel ZukkoA/Divulgacao)
 Depois de ter construído uma ampla trajetória artística entre a televisão, o circo e o cinema, Dedé recebeu um convite do produtor do espetáculo Palhaços — em cartaz no CCBB de 25 de janeiro a 10 de fevereiro deste ano. O desafio de interpretar outro personagem no palco e a emoção por estrear em Brasília acompanharam o trapalhão em todo o processo. “Foi impressionante essa temporada na capital, todo dia eu entrava em cena, via a cara que o público olhava para mim e ficava emocionado. Parece que eu sou alguém distante da família que voltou”, destaca.
Recentemente, Dedé também participou de gravação de um filme na capital, Os encrenqueiros, com direção de Rodrigo Huagha. As filmagens aconteceram dentro do Circo Real Português, que originalmente se chamava Transcontinental Circo. Foi esse aliás, o mesmo espaço ocupado pelo artista na década de 1960. “Eu me emocionei quando recebi o convite para gravar nesse circo. Foi o mesmo em que eu cheguei em Brasília naquele tempo e agora subi outra vez no picadeiro de antes”, lembra o trapalhão.
Para completar o ciclo, Dedé Santana se apresentou no Circo Real Português quinta e sexta-feira passadas ao lado da mesma família que o acompanhou em seus primeiros passos. Entre filmagens, palcos e picadeiros, o humorista mostra que a cidade faz parte de sua vida pessoal e da trajetória artística que trilhou ainda jovem. Na memória, Dedé guarda a imagem de uma Brasília recém-nascida e agora de uma capital cheia de vigor cultural em que, a cada dia, novos artistas começam a carreira e perpetuam o sonho do eterno trapalhão...

Tradição familiar
























Dedé reencontra família do Real Circo Portguês(foto: arquivo pessoal)

 Dedé Santana conhece a família Portugal, dona do Circo Real Português, desde os primórdios de Brasília. Quis o destino que o trapalhão reencontrasse essa família justamente na capital do país 58 anos depois. 
Agora, filhos e netos levam em frente a tradição do Circo Real. O ex-trapezista, domador e acrobata Cleiber Portugal, 74 anos, que se apresentou no mesmo espaço circense que Dedé, é responsável por passar adiante a tradição aprendida durante a juventude na capital.

CORREIO BRAZILIENSE-22.04.2008

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