Fim de semana violento no DF após entrega de cargos na
Polícia Civil
Outras 16 tentativas de assassinato foram registradas entre
sexta-feira (19/8) e domingo (21). Sindicato dos policiais civis reconhece que
investigações estão prejudicadas.
Oito homicídios foram registrados no Distrito Federal durante
o primeiro fim de semana após a entrega de mais de 800 cargos de chefia na
Polícia Civil. Entre sexta-feira (19/8) e domingo (21), ocorreram outras 16
tentativas de assassinato. Mas, segundo o Sindicato dos Policiais Civis
(Sinpol), os números não têm relação direta com as manifestações da categoria.
Para Rodrigo Franco, diretor da entidade, os crimes são reflexos de problemas
do gestão. “A quantidade de registros não é uma consequência da ação de
policiais. O que falta é uma política de segurança no DF”, aponta.
Entretanto, o próprio Franco assume que os recentes atos
promovidos pela categoria tendem a dificultar as investigações. Desde a última
semana, os agentes têm realizado a chamada “operação legalidade”, que inclui
instruções como a não realização de relatórios policiais, a não assinatura de
boletins de ocorrência de outras forças de segurança, além da interrupção do
recolhimento de cadáveres decorrentes de morte natural.
Os dados foram confirmados pela Polícia Civil, mas até o
fechamento desta reportagem a corporação não informou se os registros estão
acima da média para finais de semana. Além dos homicídios, o fim de semana no
DF registrou um latrocínio (roubo seguido de morte), 16 tentativas de
assassinato, cinco de latrocínio, 230
roubos a pedestres, 59 roubos em veículos, 22 roubos em paradas de ônibus, 12
assaltos em ônibus, dois estupros, 60 furtos de veículos e 48 furtos em
residência.
Os crimes ocorreram em Santa Maria, Sobradinho II,
Taguatinga, Guará, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Estrutural, Samambaia e Gama.
No Paranoá, por exemplo, um estudante morreu durante assalto em uma parada de
ônibus, na Quadra 21. A vítima estava ao lado de sua namorada quando um
criminoso chegou em um bicicleta e anunciou o assalto. Quando ele pegou sua
mochila para fugir, foi atingido por uma facadae morreu no hospital.
Investigações prejudicadas
Segundo o Sinpol, mais de 85% dos postos de chefia foram deixados.
Assim, muitas delegacias ficaram sem os responsáveis por determinar os
encaminhamentos de investigações. As atitudes visam pressionar o GDF a atender
reivindicações dos policiais civis. A principal delas é a equiparação salarial
da carreira à da Polícia Federal. De acordo com o sindicato, os agentes estão
há sete anos sem reajustes.
A semana começa com mais atos dos policiais civis para
pressionar o governo a atender as reivindicações. Nesta segunda-feira (22),
cerca de 300 viaturas com problemas devem ser levadas para manutenção ao mesmo
tempo. A carreata deve começar por volta de 14h, quando os veículos sairão de
diversas delegacias e se reunirão no Eixo Monumental para, então, seguir para a
oficina da corporação.
Representantes da classe também se reúnem nos próximos dias
com integrantes do Tribunal de Contas do DF (TCDF), do Ministério Público do DF
e Territórios (MPDFT) além de deputados, tanto distritais quanto federais, para
expor as demandas e buscar apoio. Uma nova assembleia será feita na quinta (25)
para discutir a situação. Uma paralisação geral não está descartada.
Metropoles.com