SANTA JOGADA COMERCIAL DO VATICANO
A Semana Santa, também chamada pelos tradicionalistas de os “Dias Grandes”, é um misto de proibições (o jejum) e comidas deliciosas, especialmente os pescados.
A Semana Santa, também chamada pelos tradicionalistas de os “Dias Grandes”, é um misto de proibições (o jejum) e comidas deliciosas, especialmente os pescados.
No período da Quaresma,
durante 500 anos era seguido à risca o preceito de não se comer carne na
quarta-feira de Cinzas e em nenhuma sexta-feira naqueles 40 dias até a Páscoa.
A sentença (mercantilista) do Vaticano condenava à
abstinência de se ingerir carne todos os dias da Quaresma. Que concluía com uma
semana inteirinha dedicada a guardar contritamente a dor sofrida por Jesus
Cristo, com rezação, mortificação e silêncio.
Houve tempos em que o negócio era perigoso, levado a ferro e,
principalmente, fogo.
Por sorte, hoje não é tanto assim. Mas nem todos sabem como
surgiu esta prática de guardar o estômago para os prazeres oriundos do mar ou
das afamadas receitas portuguesas quando o assunto é bacalhau.
É certo que não há, nas sagradas escrituras, nenhuma norma ou referência que regulamente o consumo de peixes nesta época do ano. Da mesma forma como é fácil compreender a jogada comercial que motivou a prática.
Na virada do século XV para o XVI o Vaticano financiava boa
parte das grandes expedições marítimas. Para tanto associou-se a vários reis e
rainhas católicos, em particular da Espanha e Portugal. Nos novos continentes
descobertos, seu quinhão estava assegurado — a peso de muito ouro e enormes
propriedades.
É nesta época que, de repente, a Igreja cisma de decretar que, em reconhecimento ao sofrimento de Cristo, os fiéis não poderiam consumir carnes “quentes” ou “vermelhas” durante a Quaresma.
É nesta época que, de repente, a Igreja cisma de decretar que, em reconhecimento ao sofrimento de Cristo, os fiéis não poderiam consumir carnes “quentes” ou “vermelhas” durante a Quaresma.
O que nem todos sabiam é que o Vaticano, na verdade, era
proprietário da maior frota bacalhoeira — caravelas para a
pesca do bacalhau que levavam os “dóris”, barcos a remo nos quais os pescadores
(bacalhoeiros) se lançavam ao mar para a pesca.
Seus armazéns ficavam abarrotados e era preciso escoar
regularmente a mercadoria antes do vencimento dos prazos de validade (afinal,
peixe salgado também estraga porque o sal se desfaz a baixas temperaturas
durante o inverno).
Assim,
visando a maximizar seus lucros, espertamente os padres proibiram o consumo de
outros tipos de carne durante a Quaresma. Não deu outra: as vendas de bacalhau
explodiram, já que o alimento era apreciado nas camadas populares europeias,
sobretudo portuguesas, por ser nutritivo e barato.
Os ricos e nobres continuaram mandando brasa nos seus
faisões.
Não por acaso há uma expressão em Portugal referente às
visitas inesperadas (e de baixa condição social) que batem à porta em horário
próximo do almoço. Quando se pergunta o que servir como alimento, o dono da
casa ou anfitrião costuma dizer: “Para quem é, bacalhau”.
O chapéu do Papa, tem o formato da cabeça do bacalhau.
E assim, durante séculos, até a Segunda Guerra Mundial, o bacalhau foi comida de pobre, mesmo no Brasil, cujo consumo massivo se deu após a chegada da corte portuguesa.
O chapéu do Papa, tem o formato da cabeça do bacalhau.
E assim, durante séculos, até a Segunda Guerra Mundial, o bacalhau foi comida de pobre, mesmo no Brasil, cujo consumo massivo se deu após a chegada da corte portuguesa.
Também não é à toa que comer bacalhau em qualquer birosca,
especialmente da zona norte do Rio de Janeiro, é sempre saborear um manjar dos
deuses. É a manha da tradição culinária sedimentada na corte, com as bênçãos da
igreja católica.
Para sorte do nosso paladar, agora nem adianta mais reclamar
ao bispo pela malandragem de seus predecessores de batina…
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