O Peabiru dos Caiçaras e a História Arrancada dos livros nunca contada...
Muito antes das bandeiras, das caravelas e das versões oficiais dos livros de escola, já existia um povo que caminhava com os pés descalços sobre trilhas sagradas abertas pela mata. O Peabiru, caminho ancestral que cortava o continente sul-americano, ligando o Atlântico ao coração da América, passava pelo litoral paulista, cruzava serras e rios, e era mantido pelos Tupinambás — guardiões da terra, da cultura e da espiritualidade.
Nesse chão sagrado nasceu um povo invisibilizado, ignorado pela história oficial: o povo caiçara.
Fruto da união entre indígenas e europeus nos primeiros séculos da colonização, os Caiçaras foram os primeiros brasileiros natos.Não eram mais apenas índios aos olhos do colonizador, tampouco eram considerados parte da elite branca.Eram mestiços, rejeitados por ambos, e tiveram que criar o seu próprio mundo à margem do Brasil oficial.
Com saberes herdados dos Tupinambás e de seus ancestrais portugueses,os Caiçaras aprenderam a sobreviver da pesca, da agricultura, da construção de canoas, da cura com ervas e da observação dos ventos, das luas e das marés.Foram os primeiros a chamar esse pedaço de terra de lar. E mesmo assim, foram arrancados das páginas da história, como se nunca tivessem existido.
O Peabiru, que hoje está quase esquecido,foi trilhado por seus pés, suas cantigas, suas oferendas.Era mais do que estrada: era espinha dorsal de um Brasil ancestral,que os Caiçaras ajudaram a manter vivo.Mas em vez de reconhecimento, receberam o desprezo. Foram chamados de "atrasados",suas terras foram tomadas,suas tradições viraram folclore para turista ver, e suas vozes silenciadas em nome do “progresso”.
Mas a história não morre.Ela resiste no canto do remo,na fumaça do fogão a lenha, na canoa pintada à mão,nas rezas, no arcorce do instrumento,na memória das famílias sobreviventes,que ainda guardam os rastros do Peabiru no litoral do Brasil.
Os Caiçaras são o Brasil que o Brasil teima em esquecer.São raízes vivas,mistura original do que somos.Negar sua história é negar nossa própria origem.É tempo de reescrever o que nos roubaram — com verdade, com voz e com justiça.
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