ADEUS AOS BONS E VELHOS JORNALISTAS QUE ESTÃO INDO EMBORA.
Capazes da incrível proeza de ser articulistas em grandes jornais da capital do
país que, vindos de outras origens escolheram aqui para viver o resto de suas
vidas, ou em cargos como chefes de comunicação de governos que aqui passaram
inclusive nos militares, onde as palavras tinham que ser escolhidas a
dedo, e onde até os textos de comerciais para rádio, tv ou anúncios de jornal
tinham que passar primeiro pelo crivo da divisão de censura da Policia Federal,
da temida “doutora Solange”.
Eles souberam imprimir suas marcas nos governos a que
serviram e nos jornais rádios e tevês por onde passaram, ou em que foram porta vozes,
secretários, chefe de redação, voluntariosos e extremamente dedicados ao que
faziam, como Fernando Lemos, um fenômeno pela rapidez com que escrevia na sua
velha Remington, com incrível velocidade e quase sem erros, nua alucinante e
febril demonstração de criatividade com um texto sempre adequado a cada
assunto, fosse cheio de veneno, ou ironia, fosse calmo e analítico em função do
estágio censurado pelo qual o país passava, ou corajoso a ponto de ganhar
o Premio Esso de Jornalismo por suas investigações, debaixo de grande
pressão e ameaças,especialmente das autoridades policiais e militares envolvidas,
sobre a morte do impagável Mario Eugenio, o “Gogó das sete”, ou
como o brilhante Jorge Martins, o eterno botafoguense do Crocodilo, uma das
colunas mais lidas do Correio Braziliense(que foi sua casa por muitos anos,
e não deu sequer uma linha a respeito de sua morte) e nos brindou de
um jeito bem carioca e descontraído, com sua paixão indestrutível pelo
Botafogo, estivesse o alvinegro carioca, bem ou caindo pelas tabelas, além de
crônicas de extremo bom gosto e visão atualizada sobre o futebol brasileiro e
sempre com fotos de mulheres bonitas da capital em suas páginas.
JORGE MARTINS E O CROCODILO: UM, A CARA DO OUTRO.
ETERNAMENTE!
Jorge Martins, (foi enterrado no dia 21 de abril, aniversário da cidade que ele tanto amou e defendeu.) Fernando Lemos, agora Marcelo Ramos,e bem antes dele, Meira Filho, Haroldo Meira, seu filho publicitário, e muitos outros de uma lista grande que já se foram.
Fernando também será lembrado pela atenção dada já naquela época e com grande dedicação pessoal, a projetos que visavam cuidar e proteger os menores das ruas
do DF.
Dois talentos com quem eu aprendi a gostar de jornalismo, trabalhando na
sucursal do Correio Brasiliense em Taguatinga, ao lado de outro talento e
grande pessoa humana que igualmente já se foi em 2008, Maurício Seabra, que
também muito me ensinou, e encaminhou-me para os primeiros passos nos
microfones da sempre líder à época, Rádio Planalto AM, fazendo o “Beto
Taguatinga” com o noticiário diário às 7:30 da manhã, no Programa do
Meira, daquela que ainda não era a metrópole que é hoje, dirigida por outro
ícone da comunicação no DF, também falecido em 2008, o ex-senador e
radialista Meira Filho, que entre outros deixou herdeiros como o Compadre
Juarez Fernandes de pé e firme com seu programa sertanejo nas madrugadas
acordando os brasiliense há 17 anos já com seu herdeiro Juarez Filho, até
os dias de hoje.
Os mestres estão indo embora... Todos eles. E eu, que não sou mestre apesar dos quase 50 anos vívidos no meio, e que até hoje a exemplo de quase toda aquela geração
das máquinas de escrever Remington e Olivetti, prefiro e escrevo melhor só com
dois dedos, começo a me perguntar para quem deixarei o que aprendi.
O jornalismo parece já não inebriar com o perfume tentador das grandes
reportagens, como as da época do Repórter Esso, Revista Manchete, David Nasser,
O Cruzeiro, Fatos e Fotos, e outros, e a publicidade, o marketing e
cursos como tecnologia de ponta, sistemas de informação, ou nanotecnologia,
atraem mais os jovens do que o bom e velho jornalismo.
Bem, já que não é possível deixá-los compilados em salmos como o sábio Rei
Salomão, acho que vou preparar um resumo ou uma boa compilação do que aprendi,
e gravá-los em cd, dvd, ou acondicioná-los num drive ou algo parecido.
Uma pena que não vou conseguir gravar também todas
as emoções e cenas que vi, ou vivi, e deixá-las em fotos ou filmes.
Karlão-Sam, ou “Beto Taguatinga” para os mais
antigões!
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