O ministro das
Relações Exteriores do Brasil provocou uma polêmica nacional quando definiu o
nazismo como um movimento de esquerda. A polêmica ganhou manchete
internacional, especialmente em Israel, quando o
presidente Jair Bolsonaro, depois de visitar o Museu do Holocausto em
Jerusalém, concordou com seu ministro, apesar do museu judaico, um memorial aos
6 milhões de judeus assassinados pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra
Mundial, dizer claramente que o nazismo era um movimento de direita.
Ao igualar o
nazismo e o socialismo, Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores do
Brasil, descartou elementos de direita no nazismo. Ele ignorou que os
judeus, que foram as principais vítimas de Hitler, veem o nazismo como de
direita. E, especialmente, ele descartou as principais influências sobre
seu próprio “conservadorismo” — que ele chama de tradicionalismo.
Araújo não tem
vergonha de admitir que a principal fonte de seu tradicionalismo é o ocultista
islâmico René Guénon e seu mais proeminente discípulo, Julius Evola, um famoso
filósofo italiano. Ele foi influenciado por esses dois esoteristas através de
Olavo de Carvalho, que durante décadas vem promovendo Guénon no Brasil. Araújo
é adepto de Carvalho, Guénon e Evola.
Entretanto,
quando Araújo diz que o nazismo era um movimento de esquerda, mas usa Evola
como sua referência “conservadora,” ele trava uma guerra contra o bom senso e
abraça a contradição, porque Evola elogiou e assessorou os nazistas.
Além disso, o próprio Carvalho, que é tratado como um mestre por Araújo, reconheceu: “O nazismo tem elementos ideológicos de esquerda e de direita.”
Além disso, o próprio Carvalho, que é tratado como um mestre por Araújo, reconheceu: “O nazismo tem elementos ideológicos de esquerda e de direita.”
Guénon era
antimarxista, assim como seu discípulo Evola. Então, como definir o nazismo
socialista se seu nome é “nacional” e era aconselhado pelo antimarxista Evola?
O nazismo perseguiu a famosa Escola de Frankfurt, que formou a atual
mentalidade de esquerda na maioria das universidades ocidentais. Mas a pergunta
que Araújo e outros fazem é: Como não definir o nazismo como um movimento de
esquerda se seu nome tem “socialismo”? Isso é uma contradição. Mas o ocultismo
não está repleto de contradições, confusão e caos?
Quando você vê a
palavra nacionalismo, você imagina o lema de Trump “Faça a América Grande de
Novo.” Em contraste, quando você vê a palavra socialismo, você apenas imagina o
socialismo.
Como fazer
sentido a partir da aparente contradição no “Nacional Socialismo,” que era o
principal lema do nazismo?
A razão é que o
nazismo foi o exemplo mais bem-sucedido de ocultistas usando imagens e
elementos de direita e de esquerda para promover uma revolução ocultista.
Então, se você
acredita que o nazismo era de esquerda, você está certo. E se você disser que o
nazismo era de direita, você também está certo. Mas você perderia o foco da
questão principal se tentasse definir o nazismo como exclusivamente de esquerda
ou de direita, porque esses rótulos ideológicos eram apenas ferramentas nas
mãos dos ocultistas.
Em seu livro
“Hitler’s Cross: How the Cross of Christ was used to promote the Nazi agenda”
(A Cruz de Hitler: Como a Cruz de Cristo foi usada para promover a agenda
nazista, Moody Publishers, 1995), o Rev. Erwin W. Lutzer disse que o nazismo
era um movimento ocultista que usava propaganda antimarxista.
Adolf Hitler era
um ocultista. Portanto, não é de admirar que ele tivesse as ideias de Evola e
outros ocultistas em seu governo. Mas como não ver que, se as ideias de Evola
está guiando a atual política externa brasileira, o conservadorismo está sendo
usado novamente para explorar conservadores?
Conecte os
pontos e você verá o ocultismo novamente usando rótulos ideológicos para se
promover. Em uma conferência no Vaticano em 2014, Steve
Bannon, que foi expulso por Trump da Casa Branca por oportunismo, elogiou
Guénon e Evola. Bannon está liderando um movimento nacionalista e
tradicionalista. Leia meu artigo: O
movimento ocultista de Steve Bannon, Brasil e evangélicos conservadores.
Bannon também
está ligado a Carvalho (leia meu artigo: Steve
Bannon e Olavo de Carvalho juntos: dois ocultistas promovendo um
“conservadorismo” ocultista), que está ligado a Araújo.
Conecte os pontos e você verá os ocultistas novamente buscando o controle de movimentos e governos conservadores.
Em seu
comentário sobre nazismo e socialismo, Araújo disse:
“É uma coisa que
eu falo muito e é muito uma tendência da esquerda. Ela pega uma coisa boa,
sequestra e perverte, transforma em uma coisa ruim. Acho que é mais ou menos o
que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Por isso que eu digo
também que… fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda.”
Mas no nazismo,
os rótulos ideológicos são eclipsados por interesses ocultistas. Teria sido
mais útil se Araújo tivesse confessado:
“É uma coisa que
eu falo muito (quando cito Guénon e Evola) e é muito uma tendência do
ocultismo. Ele pega uma coisa boa, sequestra e perverte, transforma em uma
coisa ruim. Acho que é mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes
totalitários. Por isso que eu digo também que… fascismo e nazismo são fenômenos
do ocultismo.”
Se ele tivesse
feito tal comentário, ele teria acertado. Evola foi o autor de manuais de
direita, inclusive o “Manual para Jovens Direitistas.” Ele também foi o autor
de vários livros ocultistas, inclusive “Introdução à Magia: Rituais e Técnicas
Práticas para os Bruxos.”
Como podem
Bannon e Araújo conciliar seu nacionalismo ou conservadorismo com um bruxo? Da
mesma forma que Evola conciliou a retórica de direita com a feitiçaria.
Se os
direitistas achavam que apenas os esquerdistas podiam ser enganados por
ocultistas, a má notícia é que eles também estão sendo feitos de bobos. E esta
não é a primeira vez.
Ocultistas,
inclusive Evola, ajudaram a desenvolver o nazismo usando rótulos nacionalistas
e socialistas para enganar conservadores e socialistas. Depois que seu esquema
resultou em destruição, o público, sem entender a natureza ocultista do
nazismo, foi largado para lutar por rótulos de direita e de esquerda.
Na discussão
sobre o nazismo, o público é incitado a tratar apenas os rótulos de direita e
de esquerda e evitar o elemento ocultista dos bastidores. Mas é exatamente a
natureza ocultista que faz sentido em tudo sobre o nazismo.
A ausência de
Jesus Cristo em sua vida levou Araújo a ser atraído pelo tradicionalismo de
Guénon e Evola, através de Carvalho. A mesma atração aconteceu em Carvalho e
Bannon: ambos foram atraídos pelo tradicionalismo através de Guénon e Evola.
O nazismo era
ocultismo e o guenoniano Evola era parte dele, assim como Evola e Guénon fazem
parte do tradicionalismo de Araújo.
É muito trágico
o quanto os católicos são propensos ao ocultismo em suas diversas formas e
disfarces. Guénon, Evola, Bannon, Carvalho e Araújo todos têm em comum uma
conexão com um catolicismo nominal e sem poder. Aliás, até mesmo Hitler era um
católico nominal.
Trump identificou
Bannon como um oportunista, porque ele se gabou de que ele, não os
evangélicos conservadores, colocaram Trump na Casa Branca. Da mesma forma, os
guenonianos brasileiros, especialmente
Carvalho, pensam que eles, não os evangélicos conservadores, colocaram Jair
Bolsonaro na presidência do Brasil. Guenonianos são por sua própria natureza
espiritual oportunistas.
Se Trump não
tivesse expulsado Bannon, sua revolução ocultista (uma falsa revolução
conservadora) teria avançado às custas da base evangélica conservadora de
Trump. Pelo fato de que Carvalho e sua influência não foram expulsos do governo
Bolsonaro, sua revolução está avançando, às custas da base evangélica
conservadora de Bolsonaro.
Fui atraído pela
primeira vez ao conservadorismo no final da década de 1970 e 1980, através de
Pat Robertson, Rex Humbard e seus programas de TV no Brasil. Esse
conservadorismo não tem nada a ver com ocultismo e tem tudo a ver com a Bíblia.
Aliás, esse conservadorismo evangélico nos dá a capacidade, pelo nome de Jesus,
de expulsar demônios — e o tradicionalismo de Guénon e Evola está cheio de
demônios.
O
conservadorismo de Pat Robertson, Rex Humbard e outros televangelistas
americanos levou-me à Bíblia. O tradicionalismo de Guénon e Evola leva as
vítimas a Satanás e sua propaganda enganosa.
Que Deus liberte
Araújo e o Brasil dessa propaganda perigosa.
Original de Júlio Severo.
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