SUNITAS E XIITAS;
QUEM SÃO E PORQUE DISCORDAM TANTO?
Entenda
as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas
Morte
do clérigo xiita Nimr al Nimr provocou protestos em Nova Déli, na Índia.
Um iraniano
exibe cartaz com foto do clérigo xiita Nimr al-Nimr durante protesto em 3 de
janeiro diante da embaixada saudita em Teerã
A execução
de um importante clérigo xiita iraniano pela Arábia Saudita, reino de maioria
sunita, expôs as delicadas relações entre sunitas e xiitas na região.
A Arábia
Saudita, de maioria sunita, é rival tradicional do Irã, a grande potência xiita
no Oriente Médio, que monitora - com grande interesse - a questão de minorias
xiitas em outros países.
O clérigo
Nimr Al-Nimr era conhecido por manifestar o sentimento da minoria xiita na
Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e por suas críticas
à família real saudita.
O clérigo e
outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas por crimes
de terrorismo na Arábia Saudita.
Após as
execuções, manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Teerã. Na
noite de domingo, o governo saudita anunciou o rompimento das relações
diplomáticas com o Irã e deu um prazo de 48 horas para que diplomatas iranianos
deixassem o país.
Mas o que
opõe as duas maiores correntes do Islã? Veja abaixo algumas respostas para
entender o que opõe sunitas a xiitas.
Quais são as diferenças entre sunitas e
xiitas?
AP:
Peregrinação a Meca, um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do
islamismo© Copyright British Broadcasting Corporation 2016 Peregrinação a Meca,
um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do islamismo
A separação
teve origem em uma disputa logo após a morte do profeta Maomé sobre quem
deveria liderar a comunidade muçulmana.
A grande
maioria dos muçulmanos é sunita - estima-se que entre 85% e 90%.
Membros das
duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas e crenças
fundamentais.
Apesar de se
misturarem pouco, há exceções. Nas áreas urbanas do Iraque, por exemplo,
casamentos entre sunitas e xiitas eram comuns até recentemente.
As
diferenças entre os dois grupos estão mais nos campos da doutrina, rituais,
lei, teologia e organização religiosa.
Seus líderes
também parecem constantemente estar competindo entre si.
Do Líbano e
Síria ao Iraque e Paquistão, vários conflitos recentes enfatizaram divisões
sectárias, dividindo comunidades.
Quem são os sunitas?
Muçulmanos
sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.
A palavra
sunita vem de "Ahl al-Sunna", as pessoas da tradição. A tradição,
neste caso, refere-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações
do profeta Maomé e daqueles próximos a ele.
AP: Um dos
centros de aprendizagem sunitas do Islã mais antigos fica no Egito© Copyright British
Broadcasting Corporation 2016 Um dos centros de aprendizagem sunitas do Islã
mais antigos fica no Egito
Os sunitas
veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé como o profeta
derradeiro.
Em contraste
com os xiitas, os líderes e professores de religião sunitas historicamente
ficaram sob controle do Estado.
A tradição
sunita também enfatiza um sistema codificado da lei islâmica e adesão a quatro
escolas da lei.
Quem são os xiitas?
Nos
primórdios da história islâmica os xiitas eram uma facção política, -
literalmente os "Shiat Ali", ou partido de Ali.
Os xiitas
reivindicavam o direito de Ali, genro do profeta Maomé, e de seus descendentes
de guiar a comunidade islâmica.
Ali foi
morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu
califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu
direito legítimo à ascensão ao califado. Acredita-se que Hassan tenha sido
envenenado por Muawiyah, o primeiro califa (líder muçulmano) da dinastia Umayyad.
Seu irmão,
Hussein, foi morto no campo de batalha com outros membros de sua família, após
ser convidado por partidários a ir para a cidade de Cufa (onde ficava o
califado de Ali) onde prometeram jurar aliança a ele.
Morte de clérigo xiita expõe tensões entre Irã e
Arábia Saudita
Esses
eventos deram início ao conceito xiita de martírio e de rituais como a
autoflagelação.
Há um
elemento messiânico característico nesta fé e os xiitas têm uma hierarquia de
clérigos que praticam interpretações independentes e constantemente atualizadas
dos textos islâmicos.
Os xiitas
seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170 milhões.
Muçulmanos
xiitas são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas
estimativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia,
Kuwait, Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados
Árabes Unidos.
Qual o papel do sectarismo em crises
recentes?
Em países
que foram governado por sunitas, xiitas tendem a representar os setores mais
pobres da sociedade. Eles normalmente se veem como vítimas de discriminação e
opressão. Algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o ódio aos xiitas.
A revolução
iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi percebida como um
desafio por regimes conservadores sunitas, particularmente no Golfo Pérsico.
A política
de Teerã de apoiar milícias xiitas e partidos além de suas fronteiras foi
adotada por Estados do Golfo, que reforçaram suas ligações com governos sunitas
e movimentos no exterior.
Xiitas
descontentes deram início a protestos no Bahrein
Durante a
guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às atividades
militares do Hezbollah.
No Paquistão
e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como o Talebã, atacaram com
frequência lugares de fé xiita.
Os conflitos
atuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens sunitas
nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a ideologia
da Al-Qaeda.
Enquanto
isso, jovens da comunidade xiita estão lutando pelas - ou com - as forças do
governo nestes países.
MSN.Com.