HOLOCAUSTO
BRASILEIRO; ISTO ACONTECEU AQUI!
O hospício conhecido por Colônia, em Barbacena (MG), foi
palco de uma das maiores atrocidades contra a humanidade no Brasil. Lá, com a
conivência de médicos e funcionários, o Estado violou, matou e mutilou dezenas
de milhares de internos.
Pacientes protegiam sua gravidez passando fezes sobre a barriga
Epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, tímidos
e meninas que engravidaram antes do casamento engrossavam o número de
"pacientes". Aproximadamente 70% deles não tinham doença mental.
No hospício, perdiam seus nomes e suas roupas. Viviam nus,
comiam ratos, bebiam água do esgoto, dormiam ao relento, eram espancados. Nas
noites geladas, cobertos por trapos, morriam pelo frio, pela fome ou pela
doença. Em alguns períodos, 16 pessoas morriam por dia nesse manicômio.
Os cadáveres eram vendidos para faculdades de medicina.
Quando não havia comprador, os corpos eram banhados em ácido no pátio, diante
dos internos.
Vida,
Genocídio e 60 Mil Mortes no Maior Hospício do Brasil.
Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro da
luta pelo fim dos manicômios que também visitou a Colônia, declarou numa
coletiva de imprensa: "Estive hoje num campo de concentração nazista. Em
lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como essa".
Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista
Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa
história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do
século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na
cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio
cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de
médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitos
humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia.
Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham
diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais,
prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com
mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas
confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros
que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado
seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.
Quando chegavam ao hospício, suas cabeças eram raspadas, suas
roupas arrancadas e seus nomes descartados pelos funcionários, que os
rebatizavam. Daniela Arbex devolve nome, história e identidade aos pacientes,
verdadeiros sobreviventes de um holocausto, como Maria de Jesus, internada
porque se sentia triste, ou Antônio Gomes da Silva, sem diagnóstico, que, dos
34 anos de internação, ficou mudo durante 21 anos porque ninguém se lembrou de
perguntar se ele falava. Os pacientes da Colônia às vezes comiam ratos, bebiam
água do esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados. Nas
noites geladas da Serra da Mantiqueira, eram deixados ao relento, nus ou
cobertos apenas por trapos. Pelo menos 30 bebês foram roubados de suas mães. As
pacientes conseguiam proteger sua gravidez passando fezes sobre a barriga para
não serem tocadas. Mas, logo depois do parto, os bebês eram tirados de seus
braços e doados. Alguns morriam de frio, fome e doença. Morriam também de
choque. Às vezes os eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga
derrubava a rede do município. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas
morriam a cada dia. Ao morrer, davam lucro. Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de
pacientes do manicômio foram vendidos para 17 faculdades de medicina do país,
sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado
encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio da Colônia, diante dos
pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Nada se perdia,
exceto a vida.
Luiz Alfredo, o predestinado fotógrafo que registrou todas estas barbaridades
No início dos anos 60, depois de conhecer a Colônia, o
fotógrafo Luiz Alfredo, da revista O Cruzeiro, desabafou com o chefe:
"Aquilo é um assassinato em massa". Em 1979, o psiquiatra italiano
Franco Basaglia, pioneiro da luta pelo fim dos manicômios que também visitou a
Colônia, declarou numa coletiva de imprensa: "Estive hoje num campo de
concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como essa".
FONTES: Tribuna de Minas e Folha de São Paulo.
Meu comentário
"Eu que estive morando alí perto, quando criança, me pergunto hoje: "Como será que está as consciências daqueles reitores, alunos, médicos e psiquiatras que se formaram às custas desse coitados, mas nossos irmãos?
Que vergonha Brasil do jeitinho e dos ladrões, e dos oportunistas que mercadejam com a vida dos mais pobres e humildes!!!
FONTES: Tribuna de Minas e Folha de São Paulo.
O livro que narra os absurdos está a venda na livraria online da Folha de São Paulo.
Meu comentário
"Eu que estive morando alí perto, quando criança, me pergunto hoje: "Como será que está as consciências daqueles reitores, alunos, médicos e psiquiatras que se formaram às custas desse coitados, mas nossos irmãos?
Que vergonha Brasil do jeitinho e dos ladrões, e dos oportunistas que mercadejam com a vida dos mais pobres e humildes!!!
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