GRANDE, COMO ERA GRANDE – Morre, em Londres, o historiador Eric Hobsbawn. Em seus livros, confirmou a tese de Karl Marx de que a luta de classes é o motor da História. Dedicou sua vida a escrever a História sob a ótica dos oprimidos.
Por
Um dia muito triste
esta segunda-feira, 1º de outubro de 2012. O envelhecimento acabou cobrando seu
preço ao grande historiador Eric Hobsbawn que, aos 95 anos, já bastante
alquebrado, não resistiu à pneumonia que o atacava. Sempre cheio de energia e
aplaudido como um dos intelectuais mais ativos no campo do marxismo, no final
das contas Eric era um velhinho como outro qualquer e atingiu, nesta
segunda-feira, o limite de suas forças. Cabe-nos apresentar nossos pesâmes a
seus familiares e amigos, nesta hora tão dolorida. A morte de Hobsbawn não
enluta apenas sua familia e seus amigos mas todos que se empenham na causa do
socialismo, sonhando com um mundo livre de toda forma de exploração. Assim como
Hobsbawn honrou a memória de Karl Marx, que saibamos honrar a memória desse
historiador que dedicou sua vida à causa dos oprimidos. Seus livros e seus
estudos ficarão para sempre como um testemunho da sua grandeza. Confira o
noticiário. (EC)
Historiador Eric
Hobsbawm morre aos 95 anos em Londres
Morreu na manhã desta
segunda-feira aos 95 anos o historiador britânico Eric Hobsbawm, após uma longa
pneumonia que o manteve internado por meses em Londres.
A informação foi
confirmada pela filha do historiador, Julia. Hobsbawm morreu às 6h locais (3h
em Brasília) no hospital Royal Free, na capital britânica.
“Ele será uma grande
perda não só para sua esposa Marlene, seus três filhos, sete netos e um bisneto,
mas também para milhares de leitores e estudantes em todo o mundo”, informou um
comunicado feito pela família.
Uma das principais
referências no estudo da história no século 20, o autor publicou mais de 30
livros, incluídos “História do Século 20 –de 1914 a 1991″, “Guerra e Paz no
século 20″ e “A Era dos Extremos”.
Hobsbawm nasceu em uma
família judia em Alexandria, no Egito, em 1917, na época em que o país árabe
era uma colônia britânica. Aos dois anos, mudou-se para Berlim. Em 1933 ,
quando Adolf Hitler começava a subir no poder na Alemanha, mudou-se para
Londres.
O historiador filiou-se
ao Partido Comunista inglês em 1936, aos 14 anos, qual foi membro durante
décadas até se desiludir com a União Soviética após a invasão à Hungria, em
1956. Ele esteve também proximamente ligado ao Partido Trabalhista britânico,
de esquerda, sobre o qual era visto como uma forte influência nos anos 1980 e
1990.
Ele foi uma vez
descrito pelo ex-líder trabalhista Neil Kinnock como “meu marxista favorito”.
Hobsbawn estudou na
Escola de Gramática de Marylebone e também em Kings College, em Cambridge,
antes de ser nomeado professor na Universidade de Birkbeckem, em 1947, onde
onde trabalhou durante anos até chegar à presidência. Em 1978, entrou para a
Academia Britânica.
Anos depois ele disse
que “nunca havia tentado diminuir as coisas terríveis que haviam acontecido na
Rússia”, mas que acreditava que no início do projeto comunista um novo mundo
estava nascendo.
OBRAS
Hobsbawm recebeu a
consagração da crítica com a trilogia “A Era das Revoluções”, “A Era do
Capital” e “A Era dos Impérios”, um clássico da historiografia sobre o período
–o primeiro volume foi publicado em 1962. Na trilogia, ele analisa o que chamou
de “longo século 19″, período que vai de 1789 a 1914. Começa com as revoluções
europeias que definiram a expansão do capitalismo e do liberalismo no planeta
–a Francesa e a Industrial inglesa– e vai até as vésperas da Primeira Guerra
Mundial.
Seu último livro, “Como
Mudar o Mundo”, publicado em 2011, esmiúça a gênese da produção de Karl Marx
(1818-1883), que recebeu influências do socialismo francês, da filosofia alemã
e da economia-política britânica. É um mergulho na história do marxismo,
mostrando como a trajetória desse pensamento se entrelaçou com as lutas sociais
e políticas.
“A redescoberta de Marx
está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que
qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de
vários observadores novos –atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre
empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda”, afirmou
Hobsbawm em entrevista ao “Guardian” à época do lançamento da obra no exterior.
Segundo o jornal
britânico “Guardian”, o historiador tem um livro em revisão com publicação prevista
para 2013.
Em 2003, Eric Hobsbawm
veio ao Brasil para participar da primeira edição da Flip, a Festa Literária
Internacional de Paraty, no RJ, evento do qual foi atração principal.
BRASIL DE HOBSBAWM
O pensador marxista Eric Hobsbawm, que morreu ontem, sempre teve laços com o Brasil. Em junho, Fernando Morais, o escritor, foi à festa de 95 anos do inglês, em sua casa, no norte de Londres, perto de onde Marx viveu.
O historiador, que usava um andador, queria saber da saúde de Lula e contou, risonho, que o ex-presidente o chamava de “Eric”, e não de “Mister Hobsbawm”.
OUTRA...
Numa de suas viagens ao Brasil, em 1978, Hobsbawm deu longa entrevista a Sérgio Augusto, na época na IstoÉ. Estava impressionado com a nossa desigualdade social:
– O Brasil é o melhor país do mundo para se viver, se você é rico. Vivo me perguntando: como alguém pode ser brasileiro, sendo pobre?
O pensador marxista Eric Hobsbawm, que morreu ontem, sempre teve laços com o Brasil. Em junho, Fernando Morais, o escritor, foi à festa de 95 anos do inglês, em sua casa, no norte de Londres, perto de onde Marx viveu.
O historiador, que usava um andador, queria saber da saúde de Lula e contou, risonho, que o ex-presidente o chamava de “Eric”, e não de “Mister Hobsbawm”.
OUTRA...
Numa de suas viagens ao Brasil, em 1978, Hobsbawm deu longa entrevista a Sérgio Augusto, na época na IstoÉ. Estava impressionado com a nossa desigualdade social:
– O Brasil é o melhor país do mundo para se viver, se você é rico. Vivo me perguntando: como alguém pode ser brasileiro, sendo pobre?
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