Escândalo da Caixa de Pandora:
27 de Novembro de 2009:
15 anos de um crime sem desfecho
O dia em que a
corrupção
entranhada na
política do DF foi
exposta ao país
Em 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal foi às ruas da capital e descortinou o esquema que elevou a roubalheira em Brasília a um novo patamar
Hades é o deus grego do submundo, soberano do reino dos mortos, onde só imperava a tristeza.
Seu mero nome inspirava terror aos helênicos, que evitavam até mesmo pronunciá-lo. Os domínios dele eram divididos em duas partes: o Érebo, local em que as almas aguardavam para saber se receberiam castigo ou recompensa; e o Tártaro, a região mais profunda, na qual os titãs ficavam aprisionados.
O monstruoso cão Cérbero, que tinha três cabeças, vigiava o acesso ao mundo inferior, deixando os espíritos entrar, mas nunca sair. Hades presidia o tribunal e decretava a sentença após os julgamentos nos quais era determinado o destino dos condenados.
Há exatamente uma década, personagens que integravam o alto escalão dos poderes Executivo e Legislativo no DF foram despertados por policiais federais e representantes do Ministério Público.
Vinte e sete de novembro de 2009 entrou para o calendário como a sexta-feira que marcaria para sempre a história política da capital federal, o primeiro dia da Operação Caixa de Pandora.
Vivia-se, naquela época, a pré-história da Lava Jato.
As ações da PF não eram frequentes como se tornaram nos últimos cinco anos.
Por isso, a investida contra o crime financiado por empresários corruptos e entranhado nos gabinetes de políticos poderosos e empoderados com cargos públicos caiu como uma bomba, deixando estilhaços nos quatro cantos da cena candanga.
Quando se levantou a tampa dos malfeitos praticados por políticos locais, os investigadores alcançaram o sistema que alimentava campanhas e a vida confortável dos personagens pilhados na operação.
Líderes do GDF compravam o apoio de deputados da Câmara Legislativa que financiavam suas campanhas e despesas pessoais.
Formou-se verdadeiro mar de lama no Palácio do Buriti.
Na Operação Caixa de Pandora
O dinheiro brotava de empresas de informática e construtoras, cujos proprietários tinham o interesse de manter negócios com o governo. Ou seja, verba pública à disposição de objetivos privados.
Uma história contada por Durval Barbosa, ninguém menos do que um dos criminosos que integravam o esquema ilegal.
O labirinto jurídico que reforça o caminho para a impunidade
Se a narrativa já tinha tudo para se tornar o maior escândalo político do qual se tinha notícia no DF, acervo de áudios e vídeos sobre as negociatas promoveram o caso a um blockbuster da corrupção.
E Brasília, que deveria ser referência de bons modos para o resto do país, produziu seu primeiro governador preso: José Roberto Arruda. O vice à época, Paulo Octávio, também foi varrido do cargo. É um dos 43 réus da Pandora.
O então presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, caiu.
O mundo conheceu sua habilidade de embolsar dinheiro nas meias e nos paletós.
No mês em que o caso completa uma década, o Metrópoles relembra cena a cena o escândalo gerado ainda na gestão de Joaquim Roriz e que implodiu o governo Arruda/Paulo Octávio, deixando por herança consequências políticas e econômicas.
Durante semanas dedicadas a resgatar a história da Pandora, seus reflexos e leniências, os repórteres Manoela Alcântara e Otto Valle nos contam que o prejuízo para os cofres públicos, estimado a partir das denúncias do Ministério Público, chega a R$ 2,8 bilhões.
Roteiro de uma série inspirada na corrupção e da qual, passados 10 anos, ainda não se conhece o final.
E depois de tantas gravações de Durval Barbosa e tantos indiciamentos que ganharam o noticiário nacional há 15 anos o que sobrou no fim?
Sobrou para nós o prejuízo, de novo: R$2,8 bi.m ou muito mais…
E na verdade, ninguém nunca foi punido!
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