DETALHES TÃO PEQUENOS DE NÓS DOIS...
"Não adianta nem tentar me esquecer Durante muito tempo em sua vida Eu vou viver Detalhes tão pequenos de nós dois São coisas muito grandes pra esquecer E a toda hora vão estar presentes Você vai ver" Quando fez esta música, Roberto Carlos falava de amor. O que vemos agora, no entanto, é uma história de ódio, para a qual me apropriei da primeira estrofe. Pois é. Quando esses dois fizeram o que fizeram no último pleito, eles não contavam com um personagem chamado Elon Musk. Nem eles, nem o resto do mundo. Até ali todos entendiam que bastava inventar leis, mandar intimações, fazer pressões pra respostas e retiradas de perfis acontecerem em até 2 horas, derrubar Bolsonaro e tudo ficaria acobertado pelo medo. Realmente não adiante a gente tentar esquecer esses dois. Mesmo que por algum motivo, ou graça divina, saiam antes do previsto, por muito tempo em nossas vidas eles vão viver. Serão lembrados pelo ativismo judicial, pelas arbitrariedades, pelo autoritarismo, por defenderem uma democracia que só existe em suas cabeças. Detalhes tão pequenos dos dois que, dia após dia, vão sendo jogados no ventilador, escancarando a dilaceração da nossa já combalida Constituição Federal, da nossa falida república, da nossa estuprada democracia. Um conluio digno de filmes de máfia, coisa de gangsters que usurpam do poder que lhes foi conferido atribuindo a si mesmos prerrogativas que nenhum outro cargo ou poder público tem - nem deve ter - para criar um Brasil de suas próprias cabeças. São coisas muito grandes pra esquecer. A perseguição ininterrupta a Bolsonaro, a soltura de Dilmo, a soltura de todos os presos e condenados da Lava Jato, a "limpeza" dos nomes de bandidos que deveriam estar mofando numa cadeia comum, a supressão do papel da PGR, a usurpação das funções do Congresso Nacional, a interferência ilegal, inconstitucional e imoral no processo eleitoral - e não estou nem falando em urnas, a solicitação de dados pessoais de usuários de internet, inquéritos intermináveis, a prisão de cidadãos comuns sem prerrogativa de foro para serem julgados em uma única instância sem direito a recurso, a criação de um órgão de vigilância do que cidadãos falam e pensam. Não dará para esquecer tão cedo, e espero que a história não esqueça nunca. Toda hora tudo isso vai estar presente, e nós veremos, até que chegará o ponto de ruptura, e veremos também toda essa estrutura paralela de poder, que nada tem a ver com justiça, república ou democracia, ruir como um castelo de cartas. As revelações dos arquivos do Twitter não trazem novidades de fato. Trazem detalhes de coisas que, à boca miúda, estávamos carecas de saber - sem trocadilhos. Nem mesmo os melhores roteiristas de Hollywood tiveram tanta engenhosidade ao usar a argumentação da democracia para impor ao povo uma ditadura disfarçada de salvação. E é impossível dizer que fomos enganados. Sabíamos o que estava acontecendo e tivemos, justamente, medo de ir em frente quando esse era o caminho. Há, porém, os que foram enganados mesmo, ou que preferiram se enganar para não ter que encarar a realidade como ela é. E há os que até agora, apesar de todas as evidências, preferem continuar se enganando, até que a água bata em suas bundas, e vai bater. Quando prenderam as pessoas do 8 de janeiro devíamos todos ter nos oferecido para sermos presos com eles. Aquelas pessoas nos representavam, tomaram sol e chuva, passaram fome e dificuldades nos representando, representando a covardia e o conforto de quem não quiser participar do sacrifício. Também não há aqui uma condenação a ninguém. Cada um dá o que pode, e recebe o que merece. E os justos acabam pagando pelos pecadores, condenados a até 17 anos de cadeia pelo crime de não quererem mais criminosos mandando no Brasil. Mas não há como fechar os olhos pra não ver ou apenas fingir que não aconteceu, pois continua acontecendo. Não existe um Congresso capaz de bater de frente com essas pessoas. Tirando uma dúzia de oito congressistas bem intencionados sobram apenas a outra dúzia de oito youtubers mais preocupados com suas imagens e as centenas de corruptos cada dia mais ávidos por cargos e emendas parlamentares ou pelo "faz de conta que não vi o crime" dos diversos juízes que tem seus processos nos escaninhos como moeda de troca. Estamos num mato sem cachorro, na tábua de beirada, entre a cruz e a caldeirinha, ferrados até a tampa, sem saber como ficar, pra onde correr, a quem recorrer, sufocados por detalhes tão pequenos desses dois, e dos outros nove que se dividem entre os que apoiam por vontade própria, ou não, e os que viram pro lado como se não tivessem nada a ver com isso. Me permito finalizar invocando mais uma vez Roberto Carlos. Com o povo que temos nesse país, é o que nos resta. "Olho pro céu e vejo Uma nuvem branca que vai passando Olho na terra e vejo Uma multidão que vai caminhando Como essa nuvem branca Essa gente não sabe aonde vai Quem poderá dizer o caminho certo É Você meu Pai Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Toda essa multidão Tem no peito amor e procura a paz E apesar de tudo A esperança não se desfaz Olhando a flor que nasce No chão daquele que tem amor Olho pro céu e sinto Crescer a fé no meu Salvador Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui"
"Não adianta nem tentar me esquecer Durante muito tempo em sua vida Eu vou viver Detalhes tão pequenos de nós dois São coisas muito grandes pra esquecer E a toda hora vão estar presentes Você vai ver" Quando fez esta música, Roberto Carlos falava de amor. O que vemos agora, no entanto, é uma história de ódio, para a qual me apropriei da primeira estrofe. Pois é. Quando esses dois fizeram o que fizeram no último pleito, eles não contavam com um personagem chamado Elon Musk. Nem eles, nem o resto do mundo. Até ali todos entendiam que bastava inventar leis, mandar intimações, fazer pressões pra respostas e retiradas de perfis acontecerem em até 2 horas, derrubar Bolsonaro e tudo ficaria acobertado pelo medo. Realmente não adiante a gente tentar esquecer esses dois. Mesmo que por algum motivo, ou graça divina, saiam antes do previsto, por muito tempo em nossas vidas eles vão viver. Serão lembrados pelo ativismo judicial, pelas arbitrariedades, pelo autoritarismo, por defenderem uma democracia que só existe em suas cabeças. Detalhes tão pequenos dos dois que, dia após dia, vão sendo jogados no ventilador, escancarando a dilaceração da nossa já combalida Constituição Federal, da nossa falida república, da nossa estuprada democracia. Um conluio digno de filmes de máfia, coisa de gangsters que usurpam do poder que lhes foi conferido atribuindo a si mesmos prerrogativas que nenhum outro cargo ou poder público tem - nem deve ter - para criar um Brasil de suas próprias cabeças. São coisas muito grandes pra esquecer. A perseguição ininterrupta a Bolsonaro, a soltura de Dilmo, a soltura de todos os presos e condenados da Lava Jato, a "limpeza" dos nomes de bandidos que deveriam estar mofando numa cadeia comum, a supressão do papel da PGR, a usurpação das funções do Congresso Nacional, a interferência ilegal, inconstitucional e imoral no processo eleitoral - e não estou nem falando em urnas, a solicitação de dados pessoais de usuários de internet, inquéritos intermináveis, a prisão de cidadãos comuns sem prerrogativa de foro para serem julgados em uma única instância sem direito a recurso, a criação de um órgão de vigilância do que cidadãos falam e pensam. Não dará para esquecer tão cedo, e espero que a história não esqueça nunca. Toda hora tudo isso vai estar presente, e nós veremos, até que chegará o ponto de ruptura, e veremos também toda essa estrutura paralela de poder, que nada tem a ver com justiça, república ou democracia, ruir como um castelo de cartas. As revelações dos arquivos do Twitter não trazem novidades de fato. Trazem detalhes de coisas que, à boca miúda, estávamos carecas de saber - sem trocadilhos. Nem mesmo os melhores roteiristas de Hollywood tiveram tanta engenhosidade ao usar a argumentação da democracia para impor ao povo uma ditadura disfarçada de salvação. E é impossível dizer que fomos enganados. Sabíamos o que estava acontecendo e tivemos, justamente, medo de ir em frente quando esse era o caminho. Há, porém, os que foram enganados mesmo, ou que preferiram se enganar para não ter que encarar a realidade como ela é. E há os que até agora, apesar de todas as evidências, preferem continuar se enganando, até que a água bata em suas bundas, e vai bater. Quando prenderam as pessoas do 8 de janeiro devíamos todos ter nos oferecido para sermos presos com eles. Aquelas pessoas nos representavam, tomaram sol e chuva, passaram fome e dificuldades nos representando, representando a covardia e o conforto de quem não quiser participar do sacrifício. Também não há aqui uma condenação a ninguém. Cada um dá o que pode, e recebe o que merece. E os justos acabam pagando pelos pecadores, condenados a até 17 anos de cadeia pelo crime de não quererem mais criminosos mandando no Brasil. Mas não há como fechar os olhos pra não ver ou apenas fingir que não aconteceu, pois continua acontecendo. Não existe um Congresso capaz de bater de frente com essas pessoas. Tirando uma dúzia de oito congressistas bem intencionados sobram apenas a outra dúzia de oito youtubers mais preocupados com suas imagens e as centenas de corruptos cada dia mais ávidos por cargos e emendas parlamentares ou pelo "faz de conta que não vi o crime" dos diversos juízes que tem seus processos nos escaninhos como moeda de troca. Estamos num mato sem cachorro, na tábua de beirada, entre a cruz e a caldeirinha, ferrados até a tampa, sem saber como ficar, pra onde correr, a quem recorrer, sufocados por detalhes tão pequenos desses dois, e dos outros nove que se dividem entre os que apoiam por vontade própria, ou não, e os que viram pro lado como se não tivessem nada a ver com isso. Me permito finalizar invocando mais uma vez Roberto Carlos. Com o povo que temos nesse país, é o que nos resta. "Olho pro céu e vejo Uma nuvem branca que vai passando Olho na terra e vejo Uma multidão que vai caminhando Como essa nuvem branca Essa gente não sabe aonde vai Quem poderá dizer o caminho certo É Você meu Pai Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Toda essa multidão Tem no peito amor e procura a paz E apesar de tudo A esperança não se desfaz Olhando a flor que nasce No chão daquele que tem amor Olho pro céu e sinto Crescer a fé no meu Salvador Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui Jesus Cristo, Jesus Cristo Jesus Cristo, eu estou aqui"