GUEDES DIZ QUE BANCOS PÚBLICOS SE PERDERAM EM FALCATRUAS PARA AJUDAR
'AMIGOS DO REI'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse,
nesta segunda-feira, 7, em evento de posse dos novos presidentes dos bancos
públicos, que o dirigismo econômico corrompeu a política brasileira e travou o
crescimento econômico. Segundo ele, os presidentes das instituições terão de
enfrentar distorções no crédito estatal que, afirmou, foi alvo de fraudes que
serão reveladas quando o novo governo abrir a "caixa-preta" desses
bancos.
Na manhã desta segunda, o
presidente Jair Bolsonaro já havia publicado mensagem semelhante em sua rede
social. Ele e o ministro participaram da solenidade de posse dos presidentes do
Banco do Brasil, Rubem Novaes, BNDES, Joaquim Levy, e Caixa Econômica Federal,
Pedro Guimarães, no Palácio do Planalto.
"O mercado de crédito está
estatizado. Quando o BNDES recebe aportes para fazer projetos econômicos
estranhos, para ajudar os mais fortes. Nós liberais não gostamos e achamos que
isso é uma transferência perversa de recursos", afirmou. "A Caixa foi
alvo de saques, fraudes e assaltos ao dinheiro público. Isso ficará óbvio mais
à frente, na medida que essas caixas-pretas forem analisadas."
Segundo o ministro, os bancos
públicos se perderam "em associações com piratas privados, políticos
corruptos e algumas criaturas do pântano" e será missão dos novos
presidentes das instituições impedir isso.
"Houve transferência de renda
em falcatruas, para alianças políticas, para ajudar amigos do rei, empresários
que chegam perto do poder econômico", afirmou. "O povo brasileiro
cansou de assistir esse desvirtuamento, usando a máquina de crédito do
Estado."
Para Guedes, não há problema em
subsidiar o crédito para as classes mais pobres, mas não se pode usar isso como
desculpa para desvirtuar o funcionamento dessas instituições.
"A estatização do crédito
reduz os recursos à disposição da economia. Sobra menos para o Brasil com juros
absurdos. O juro para o povo brasileiro vai pra lua, enquanto há outro juro
baratinho. Esse tipo de distorção que os presidentes irão enfrentar",
afirmou.
Em seu discurso, Bolsonaro
reafirmou que quer tornar públicos todos os contratos dos bancos estatais,
incluindo a sua gestão e de seus antecessores. "Não podemos permitir
qualquer cláusula de confidencialidade pretérita", ressaltou.
Ele disse que tem orientado os
"jovens" que estão à frente da política econômica a atuarem sob o
lema "transparência acima de tudo", em referência ao slogan do seu
governo.
"Todos os nossos gastos terão
de ser abertos ao público, e o que ocorreu no passado também. Aqueles que foram
a essas instituições porque eram amigos do rei buscar privilégios não serão
perseguidos, mas atos tornar-se-ão públicos", declarou.
CAIXA VENDERÁ ATÉ R$ 100 BILHÕES EM
SECURITIZAÇÃO DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
O novo presidente da Caixa, Pedro
Guimarães, afirmou que pretende vender de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões em
securitização, no mercado financeiro, para que a instituição continue a atuar
no mercado imobiliário.
O novo presidente da Caixa, Pedro
Guimarães, afirmou que pretende vender de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões em
securitização, no mercado financeiro, para que a instituição continue a atuar
no mercado imobiliário.
Segundo ele, a Caixa tem 93 milhões
de clientes e é o quinto maior banco do mundo em clientes. Guimarães citou
ainda três determinações do presidente Jair Bolsonaro para sua administração:
"Não podemos errar; mais Brasil, menos Brasília; e o legado a ser
deixado".
Guimarães afirmou que a Caixa tem
R$ 40 bilhões em dívidas em Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD) e
que ela será paga por meio da venda de participações em empresas controladas.
"Pelos menos duas serão este ano", pontuou. "Queremos também a
participação dos funcionários. É fundamental."
Ele anunciou que, nas próximas 27
semanas, "estaremos sábado e domingo em Estados do País. Vamos começar por
Roraima e Amazonas". O objetivo é ouvir das pessoas o que elas pensam da
Caixa. "Sábado vamos ouvir clientes. Domingo, vamos às comunidades
carentes", disse. "O microcrédito hoje está a 22% ao mês. Queremos
devolver cidadania às pessoas", disse. "A Caixa não vai fazer
sozinha. Vamos fazer via Banco do Nordeste, via Banco do Brasil. Nosso foco são
comunidades carentes, onde temos impacto relevante."
Emocionado ao discursar, Guimarães
afirmou que espera mudar a vida das pessoas. "Se conseguir, daqui a 20
anos, olhar que o que fiz mudou a vida de milhões de pessoas, serei uma pessoa
muito feliz", disse.
JOAQUIM LEVY DIZ QUE BNDES VAI
DEPENDER MENOS DO TESOURO
O novo presidente do BNDES, Joaquim
Levy, afirmou que pretende revisar a contabilidade do banco de fomento para
depender menos de recursos do Tesouro Nacional.
“Queremos continuar ajustando o
balanço do banco, como organizamos nossas contas. Queremos adequar o balanço que
hoje depende em uma proporção exagerada - mas menos que era há quatro anos -
dos recurso do Tesouro. Isso tem de ser corrigido para haver adequado retorno
de capital”, avaliou, na cerimônia de posse de presidentes de bancos públicos.
Segundo Levy, o Tribunal de Contas da União (TCU) tem dado o suporte para essas
adequações.
Levy afirmou que o BNDES prestou
grandes serviços ao País e precisa continuar respondendo às expectativas da
nação. “Estamos na antessala de um novo ciclo de investimentos em uma economia
mais aberta, mais vibrante e com mais espaço para o setor privado e o mercado
de capitais”, acrescentou.
Segundo o novo presidente do BNDES,
o papel do banco vai contribuir nesse ambiente com o desenvolvimento de novas
ferramentas e novas formas de trabalhar em parceria com o mercado privado.
“Não será surpresa que a gente
continue combatendo patrimonialismos e distorções que são uma trava ao
crescimento do País, à justiça e à equidade. Isso tem de continuar mudando,
evitando também o voluntarismo. As ferramentas têm de ser a transparência e a
ética no setor público. Assim teremos mais liberdade, mais concorrência e mais
crescimento”, concluiu.
PRESIDENTE DO BB AFIRMA QUE
ADMINISTRAÇÃO SERÁ TRANSPARENTE
O novo presidente do Banco do
Brasil, Rubem Novaes, prometeu "uma administração transparente, eficiente
e honrada, contribuindo para reverter o atual quadro do País." Em um breve
discurso, durante cerimônia de posse dos bancos públicos, disse que trabalhou
"como um soldado" desde o início da campanha de Jair Bolsonaro.
“O País passou por grandes
desgraças, mensalão, petrolão, crise da segurança, recessão terrível, parecia
que o povo brasileiro estava desesperançado, jovens promissores e empresários
falando em deixar o país. Hoje, temos responsabilidade enorme em reverter esse
quadro e fazer com que os brasileiros voltem a se sentir honrados”, afirmou
Novaes.
O executivo disse ainda que espera
poder contribuir nesse esforço do governo no seu “pequeno nicho”. “Tive
oportunidade de conhecer funcionários e dirigentes do BB no período de
transição. Terei uma equipe eficiente para levarmos a cabo nossas
responsabilidades. A Administração deve ser eficiente, transparente e honrada.
Com a equipe que estamos montando, objetivos serão plenamente alcançados no
BB.”