O 18º Batalhão da Polícia Militar, tem um histórico de
suspeitas de corrupção e grupos de extermínio. Um deles, conhecido como
Matadores do 18, se refere ao local, onde trabalhava a cabo Andreia
Bovo Pesseghini, morta ao lado do marido, o filho, a mãe e uma tia entre
domingo (04) e segunda (05) em uma chacina que mobilizou a polícia paulista.
Além de suspeita levantada e negada pelo comandante do batalhão, coronel Wagner
Dimas, de que Andreia teria denunciado colegas, não seria o único casos
suspeito envolvendo o 18º Batalhão.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, na última quarta (07)
Dimas disse que a cabo havia denunciado alguns colegas que estariam envolvidos
com roubos a caixas eletrônicos, em São Paulo. Mais tarde, o oficial voltou
atrás na declaração e disse não haver qualquer denúncia sobre PMs envolvidos
com os crimes e que a policial não fez qualquer menção a respeito. Ele se
justificou, dizendo “ter se perdido” durante a entrevista.
De acordo com a polícia, o adolescente Marcelo Pesseghini
teria assassinado a mãe, o pai, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar (Rota) Luis Marcelo Pesseghini, a avó Benedita de Oliveira Bovo e a
tia-avó Bernadete Oliveira da Silva.
Outros
casos - Um relatório da Polícia Civil divulgado em março de 2011
responsabilizou dois grupos de extermínio formados por policiais militares por
pelo menos 150 mortes na cidade de São Paulo entre 2006 e 2010. Entre as vítimas,
61% não tinha antecedentes criminais, sendo que 20% dos crimes teria sido
motivado por vingança, 13% por abuso de autoridade, 13% pelo que o relatório
chama de “limpeza” (como o assassinato de viciados em drogas), 15% por
cobranças ligadas ao tráfico ou ao jogo ilegal e 39% “sem razão aparente”.
A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) acusa 50 PMs de formar e unir os grupos da zona leste e da zona
norte (o "Matadores do 18") para assumir o controle do tráfico de
drogas e explorar jogos de azar. Os Matadores do 18 é apontado como uma milícia
formada por policiais do batalhão no qual trabalhava Andreia.
Em junho de 2011, dois PMs do batalhão foram acusados de
assassinar um comerciante, em setembro de 2006, após ele se recusar a pagar
propina aos policiais em São Paulo. A Polícia Civil concluiu que o soldado
Pascoal dos Santos Lima e o 2º sargento Lelces André Pires de Moraes integravam
o grupo Matadores do 18.
O DHPP afirma que Alexandre Pereira da Silva foi morto porque
se recusou a pagar pela proteção dos PMs a suas máquinas caça-níqueis. O
soldado e o 2º sargento já estavam presos na época, por suspeita de
participação no assassinato do coronel da Polícia Militar Hermínio Rodrigues.
Segundo a polícia, a mesma arma usada para matar o comerciante foi usada na
morte do oficial.
Coronel
executado - O comandante do policiamento na zona norte de São
Paulo, José Hermínio Rodrigues, foi morto a tiros quando passeava de bicicleta
na avenida Engenheiro Caetano Álvares, em janeiro de 2008. Um exame balístico
feito pela Polícia Científica mostrou que a pistola de calibre 380 usada no
assassinato do coronel também foi utilizada em uma chacina que deixou seis
mortos na Água Fria, zona norte de São Paulo, em junho de 2007.
Uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em
fevereiro de 2008 apontou que um exame de balística ligava a morte do coronel
José Hermínio Rodrigues ao grupo de extermínio Matadores do 18. Os testes
mostrara que a arma que foi usada para assassinar o coronel é a mesma usada em
uma chacina que deixou seis mortos e um ferido em Água Fria, na zona norte da
capital.
A ligação já havia sido apontada por testemunhas, que
acusavam policiais de terem participado das mortes em Água Fria, ocorrida no
dia seguinte à morte de um soldado da PM em um assalto na região. As cápsulas
de uma pistola calibre 380 utilizada no crime foi comparada com a usada na
morte do coronel. As marcas que a arma deixou na cápsula da bala de cada caso
se mostrou compatível.
Também em fevereiro de 2008 foram presos dois soldados do 18º
batalhão, acusados de aproveitar ataques de uma facção criminosa para
assassinar o soldado Odair José Lorenzi e a irmã dele, Rita de Cássia. Segundo
as investigações, as vítimas foram mortas em uma emboscada, na Vila Nova
Cachoeirinha, na zona norte da capital, no dia 12 de junho de 2006. Para a
polícia civil, a morte ocorreu por uma disputa entre policiais por um bico como
segurança de um bingo.
No dia do crime, os PMs acusados disseram que haviam sido
vítimas de um ataque do Primeiro Comando da Capital (PCC), pouco antes do
atentado aos dois irmãos.
Amigos
mortos após abordagem - Policiais do 18º batalhão disseram que o pintor
Charles Wagner Felício, 32 anos, e o amigo dele, Cleiton de Souza, 25, haviam
praticado uma chacina, resistiram a prisão e foram mortos em um tiroteio no dia
24 de maio de 2007. Porém, segundo matéria publicada pelo Estado de S. Paulo,
em 16 de fevereiro de 2008, pouco antes de morrer, os dois amigos usaram um
celular para denunciar seus algozes.
O pintor tirou duas fotos, uma dele mesmo, às 16h51, e a
outra, um minuto depois, do amigo e guardou o celular na cueca. De acordo com
as imagens, ambos estariam em um banco traseiro de um carro que parece ser uma
Blazer, utilizada pela Força Tática da Polícia Militar. O fato que chamou a
atenção da Polícia Civil, no entanto, foi o horário da chacina da qual os dois
foram acusados: 20h10.
Além das fotografias, uma testemunha viu quando os policiais
do 18ºbatalhão prenderam a dupla. Segundo ela, a prisão aconteceu por volta de
15h30.
Governador de São Paulo na época, José Serra (PSDB), chegou a
admitir a existência de grupos de extermínio na polícia paulista. “Não
admitimos esquadrões. Grupos de extermínio. Estamos combatendo. Não é uma
tarefa fácil. Estamos trabalhando com muita firmeza nessa direção”, disse o
então governador durante um evento oficial no litoral do Estado.
As informações são do Terra.
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