ADEUS AOS BONS E VELHOS JORNALISTAS QUE ESTÃO INDO
EMBORA.
Era uma vez toda
uma geração de jornalistas, grande parte deles sem diplomas universitários, mas
com grande visão politica e profissional e que ocuparam alguns dos cargos mais
importantes da comunicação, especialmente na década de oitenta.
Capazes da
incrível proeza de ser articulistas em grandes jornais da capital do país que,
vindos de outras origens escolheram aqui para viver o resto de suas vidas, ou
em cargos como chefes de comunicação de governos que aqui passaram inclusive na
ditadura militar, onde as palavras tinham que ser escolhidas a dedo, e onde até
os textos de comerciais para rádio, tv ou anúncios de jornal tinham que passar
primeiro pelo crivo da divisão de censura da Policia Federal, da temida “doutora Solange”.
Eles
souberam imprimir suas marcas nos governos
a que serviram e nos jornais rádios e tevês por onde passaram, ou em que
foram porta vozes, secretários, chefe de redação, voluntariosos e extremamente
dedicados ao que faziam, como Fernando Lemos, um fenômeno pela rapidez com que
escrevia na sua velha Remington, com incrível velocidade e quase sem erros, nua
alucinante e febril demonstração de
criatividade com um texto sempre adequado a cada assunto, fosse cheio de
veneno, ou ironia, fosse calmo e analítico em função do estágio censurado pelo
qual o país passava, ou corajoso a ponto
de ganhar o Premio Esso de Jornalismo
por suas investigações, debaixo de grande pressão e ameaças,especialmente das
autoridades policiais e militares envolvidas, sobre a morte do impagável Mario
Eugenio, o “Gogó das sete”, ou como o
brilhante Jorge Martins, o eterno botafoguense do Crocodilo, uma das colunas
mais lidas do Correio Braziliense(que foi
sua casa por muitos anos, e não deu sequer uma linha a respeito de sua morte)
e nos brindou de um jeito bem carioca e descontraído, com sua paixão
indestrutível pelo Botafogo, estivesse o alvinegro carioca, bem ou caindo pelas
tabelas, além de crônicas de extremo bom gosto e visão atualizada sobre o
futebol brasileiro e sempre com fotos de mulheres bonitas da capital em suas
páginas.
JORGE MARTINS E O CROCODILO: UM, A CARA DO OUTRO. ETERNAMENTE!
JORGE MARTINS E O CROCODILO: UM, A CARA DO OUTRO. ETERNAMENTE!
Jorge Martins faleceu ontem, depois de demorada doença, e Fernando Lemos, foi enterrado no dia 21 de abril, aniversário da cidade que ele tanto amou e defendeu.
Fernando também será
lembrado pela atenção dada já naquela época e com dedicação pessoal, a projetos
que visavam cuidar e proteger os menores das ruas do DF.
Dois talentos com
quem eu aprendi a gostar de jornalismo, trabalhando na sucursal do Correio
Brasiliense em Taguatinga, ao lado de outro talento e grande pessoa humana que
igualmente já se foi em 2008, Maurício Seabra, que também muito me ensinou, e
encaminhou-me para os primeiros passos nos microfones da sempre líder à época,
Rádio Planalto AM, fazendo o “Beto
Taguatinga” com o noticiário diário às 7:30 da manhã, no Programa do Meira,
daquela que ainda não era a metrópole que é hoje, dirigida por outro ícone da
comunicação no DF, também falecido em
2008, o ex-senador e radialista Meira Filho, que entre outros deixou herdeiros
como o Compadre Juarez Fernandes de pé e firme com seu programa sertanejo nas
madrugadas acordando os brasiliense há 17 anos já com seu herdeiro Juarez Filho, até os dias
de hoje.
Os mestres estão indo embora...
Todos eles. E eu, que não sou mestre apesar dos 40 anos vívidos no meio, e que
até hoje a exemplo de quase toda aquela geração das máquinas de escrever
Remington e Olivetti, prefiro e escrevo melhor só com dois dedos, começo a me
perguntar para quem deixarei o que aprendi.
O jornalismo parece já não
inebriar com o perfume tentador das grandes reportagens, como as da época do
Repórter Esso, Revista Manchete, David Nasser, O Cruzeiro, Fatos e Fotos, e
outros, e a publicidade, o marketing e cursos como tecnologia de ponta, sistemas
de informação, ou nanotecnologia, atraem mais os jovens do que o bom e velho
jornalismo.
Bem, já que não é possível
deixá-los compilados em salmos como o sábio Rei Salomão, acho que vou preparar
um resumo ou uma boa compilação do que aprendi, e gravá-los em cd, dvd, ou
acondicioná-los num drive ou algo parecido.
Uma pena que não vou
conseguir gravar também todas as emoções e cenas que vi, ou vivi, e deixá-las
em fotos ou filmes.